Conselho de Ética da Câmara arquiva processo de cassação de Delegado da Cunha por agressão à esposa

Relator argumentou que não havia justa causa e sugeriu censura verbal: ‘Nós não podemos apurar neste momento. Quem vai investigar é a polícia. Quem vai decidir é a Justiça’

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Foto do author Weslley Galzo

BRASÍLIA - O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara arquivou nesta quarta-feira, 15, o processo de cassação do deputado federal Delegado da Cunha (PP-SP) por suspeita de agressão à ex-companheira. O caso transcorria em caráter preliminar. Caso tivesse sido dado encaminhamento, o colegiado deveria reunir provas para dar um parecer definitivo sobre a perda do mandato.

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Da Cunha é acusado de agredir a nutricionista Betina Raísa Grusiecki Marques, de 28 anos, de acordo com o boletim de ocorrência registrado pela vítima. O relator do caso deputado Albuquerque (Republica-RR) votou pelo arquivamento sob o argumento de ausência justa causa e sugeriu censura verbal do parlamentar.

“Nós não podemos apurar neste momento. Quem vai investigar é a polícia. Quem vai decidir é a Justiça”, disse o relator alegando que não poderiam “cometer um ato absurdo”.

O deputado federal delegado da Cunha (PP - SP) Foto: PABLO VALADARES/AGENCIA CAMARA

As agressões teriam ocorrido no dia 14 de outubro do ano passado em um apartamento em Santos (SP). Da Cunha comemorava 46 anos e estava bêbado, segundo a vítima. O deputado federal xingou a mulher, ameaçou matá-la e bateu a cabeça dela na parede por duas vezes. Betina relatou que foi enforcada e chegou a desmaiar devido aos ataques.

O programa Fantástico, da TV Globo, revelou imagens das discussões e do momento em que a agressão teria ocorrido. Da Cunha chega a afirmar durante a gravação que iria matar a companheira. Em outro vídeo, o parlamentar conversa com a mãe de Betina e pede que as filmagens em posse da família não fossem divulgados. “Esse vídeo acaba com a minha vida. Colocar um vídeo desse eu vou perder o mandato”, disse o deputado.

Os relatos de Betina constam no boletim de ocorrência feito na Delegacia da Mulher de Santos. O Estadão teve acesso ao documento. Na delegacia, ela pediu que fossem adotadas medidas protetivas para que o deputado fosse mantido afastado dela.

“Hoje o autor, após consumir bebida alcoólica, promoveu uma discussão e atacou a sua honra, dizendo ‘putinha, não serve para nada, lixo’, passando a bater a sua cabeça na parede, e apertando o seu pescoço, vindo a vítima a desmaiar e, ao recordar, ele veio novamente em sua direção, e a vítima jogou um secador na cabeça dele, neste interregno, ele bate sua cabeça novamente na parede e disse: ‘Vou encher de tiros a sua cabeça, vou te matar e vou matar a sua mãe’, quebrando seus óculos e jogando cloro nas roupas da vítima”, diz o boletim.

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