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Conselho de Ética da Câmara instaura processo de cassação de Chiquinho Brazão

Os advogados do parlamentar terão 10 dias para apresentar os argumentos de defesa.

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Foto do author Weslley Galzo
Atualização:

BRASÍLIA - O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara aprovou nesta quarta-feira, 15, por 16 votos a 1, o parecer de admissibilidade do processo de cassação do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), que é acusado pelo Procuradoria-Geral da República (PGR) de ser o mandante dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018. O único voto contrário foi do deputado Gutemberg Reis (MDB-RJ).

O processo de cassação do deputado foi instaurada a partir de representação do PSOL, partido pelo qual Marielle exercia o mandato no Rio de Janeiro. A sigla afirmou no documento apresentado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP- AL), que a perda do mandato é “impositiva” para “evitar que ele utilize do cargo para obstruir a justiça”. O caso é relatado pela deputado Jack Rocha (PT-ES).

Deputado Chiquinho Brazão, preso sob acusação de ser mandante do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

A petista foi escolhida após quatro sorteados desistirem de compor a lista tríplice que define o relator da ação. A defesa do deputado questionou a parcialidade de Jack, mas o presidente do Conselho de Ética, deputado Leur Lomanto Júnior (União-BA), negou o pedido de novo sorteio para definição da relatoria. A relatora votou pela admissibilidade do processo: “impõe-se o regular processamento da representação”.

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Agora, caberá ao Conselho reunir elementos para embasar o processo. A cassação só ocorre após votação no colegiado e no plenário da Câmara. Os advogados do parlamentar terão 10 dias para apresentar os argumentos de defesa.

No dia 10 de abril deste ano, o plenário da Câmara aprovou, com 277 votos a favor e 129 contra, a manutenção da prisão preventiva de Brazão. O deputado está preso desde o dia 24 de março por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A Polícia Federal (PF) também prendeu na mesma data o irmão do parlamentar, Domingo Brazão, que é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio e Janeiro (TCE-RJ).

O resultado da votação que manteve Chiquinho Brazão preso foi apertado, com dois grupos competindo para garantir votos em paralelo. De um lado, governistas e ministros do STF pediam para manter Brazão encarcerado; do outro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PRD-SP) articulavam pela soltura do parlamentar. Eram necessários 257 votos para manter o congressista carioca na cadeia.

“Eu sou inocente. Continuo alegando que vamos provar a inocência”, disse Brazão nesta quarta-feira, 15, por meio de chamada de vídeo. “Quem olhar o mapa eleitoral, vai ver que eu tenho votos tanto em área de milícia quanto na área do tráfico”, prosseguiu.

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De acordo com relatório da PF, divulgado no dia da prisão dos irmãos Brazão, o homicídio de Marielle foi motivado por interesses relacionados à grilagem de terras e à atuação de milícias em Jacarepaguá, reduto eleitoral da família Brazão. Segundo o ex-policial militar Ronnie Lessa, autor das execuções e delator, Marielle estava “atrapalhando os interesses dos irmãos” ao tentar impedir novos loteamentos situados na região.

Brazão se manifestou durante a sessão desta quarta.

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