As convenções partidárias que oficializarão as chapas que disputarão a eleição para a Prefeitura de São Paulo começam neste sábado, 20. O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que lideram as pesquisas eleitorais, já escolheram os vices e farão eventos festivos para demonstrar força. Os demais pré-candidatos, porém, ainda enfrentam indefinições na formação das respectivas chapas.
A principal incógnita entre os partidos é o União Brasil. O apoio a Nunes era dado como certo, mas o presidente da sigla em São Paulo, vereador Milton Leite (União Brasil), deixou o cenário aberto ao declarar à Coluna do Estadão há duas semanas que a legenda poderia desembarcar da coligação devido a insatisfação com a falta de espaço na gestão municipal.
Na quarta-feira, Leite disse ao Estadão que a convenção do União na manhã de sábado iria delegar para a Executiva municipal a tarefa de decidir qual será o caminho seguido pelo partido. Porém, como mostrou o Estadão na quinta-feira, uma ala da sigla passou a ventilar a possibilidade dele ser lançado como candidato a prefeito na convenção.
O movimento, deflagrado na véspera de um encontro entre o presidente da Câmara Municipal e o prefeito, é encarado como uma forma de pressionar Nunes a aceitar as reivindicações do União Brasil por mais espaço na Prefeitura.
A reunião entre os dois está prevista para a manhã desta sexta-feira. Aliados do chefe do Executivo demonstram confiança de que haverá um acerto e manifestam a possibilidade de um anúncio da aliança já na convenção. Por outro lado, nada impede que Milton Leite cumpra o plano inicial e delegue a decisão para a Executiva, que teria até o dia 5 de agosto para se posicionar, ou se lance como candidato prefeito — opção da qual poderia recuar até a mesma data ou 15 de agosto, último dia para registrar as candidaturas.
O União também negocia apoio a Pablo Marçal (PRTB). O partido do influenciador ainda não marcou a data da convenção e nem anunciou quem ocupará o posto de vice. Levy Fidelix Filho, filho do fundador da sigla, Levy Fidelix, morto em 2021 em decorrência de complicações da Covid-19, ganhou força nesta sexta-feira, 19, para ser o companheiro de chapa de Marçal.
O empresário indicou, em uma sabatina na semana passada, que poderia ter uma mulher como vice, citando como opções a médica Nise Yamaguchi (União), que defendeu cloroquina como tratamento para a Covid-19, e uma vereadora de São Paulo que ele não revelou o nome.
Tabata e Datena farão convenção no mesmo dia
O PSDB decidiu antecipar a convenção partidária que tem como objetivo confirmar a candidatura do apresentador José Luiz Datena (PSDB). O evento estava previsto, extraoficialmente, para o dia 3 de agosto, mas foi marcado para o dia 27 de julho em um auditório da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Houve pressão da cúpula tucana em Brasília para a mudança com o objetivo de afastar o “fantasma” causado pelo histórico de quatro desistências eleitorais do jornalista, conforme mostrou a Coluna do Estadão. Mesmo tucanos que eram céticos quanto à disposição do jornalista de ir até o final mudaram de ideia após Datena fazer a primeira agenda pública como pré-candidato ao caminhar pelo Mercadão na quarta-feira.
A data escolhida pelo PSDB é a mesma da convenção do PSB, que tem Tabata Amaral como pré-candidata a prefeita e deve ocorrer na quadra de uma escola de samba. A aposta é garantir boas imagens da parlamentar e gerar material que será explorado nas redes sociais.
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Tabata foi a responsável por articular a ida de Datena para o PSDB, na expectativa de tê-lo como vice e garantir o apoio dos tucanos. Porém, o apresentador aceitou o convite para encabeçar a chapa tucana e agora será seu adversário.
O entorno da pré-candidata ainda mantém esperanças de que Datena desista de encabeçar a chapa tucana e possa compor com ela. Porém, este cenário é cada vez mais remoto, motivo pelo qual o PSB passou a cogitar seriamente nos últimos dias uma “solução caseira” para a vice. Os cotados são Lu Alckmin, esposa do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), Lúcia França, esposa do ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), e Floriano Pesaro, ex-secretário do governo Alckmin no Estado.
Datena também não definiu quem será seu companheiro de chapa. Embora tenha dito que será uma indicação feita pelo PSDB, a avaliação entre os tucanos é que o apresentador terá grande influência na escolha. Os nomes mais comentados são os do presidente municipal, José Aníbal (PSDB), e do presidente da federação PSDB-Cidadania no município, Mário Covas Neto (PSDB).
Nunes e Boulos querem 10 mil pessoas em festas partidárias
Enquanto os adversários ainda não têm chapa formada, os pré-candidatos apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo atual ocupante do cargo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), planejam eventos maiores para mostrar a força de suas coligações. Porém, enquanto Lula irá à convenção de Boulos às 14h de sábado no Expo Center Norte, Bolsonaro ainda não está confirmado na convenção de Nunes, marcada para o dia 3 de agosto no estacionamento da Alesp. O político de maior expressão será o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Ambos os pré-candidatos projetam que as respectivas convenções terão público de 10 mil pessoas. No caso do pré-candidato do PSOL, sete ministros devem marcar presença: Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente), Sonia Guajajara (Povos Indígenas), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Luiz Marinho (Trabalho e Emprego) e do secretário-geral da Presidência, Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência).
A estratégia de Boulos é resgatar o desempenho de ex-prefeitos de esquerda. Dessa forma, terão destaque na convenção Haddad, que comandou a capital paulista entre 2013 e 2016, Luiza Erundina (PSOL), prefeita de 1989 a 1992, e Marta Suplicy, que voltou ao PT para ser vice do psolista. Apesar disso, Haddad e Marta não foram reeleitos e Erundina não elegeu o sucessor.
Já Nunes quer dar ares de frente ampla à convenção partidária. Serão convidados para o evento representantes de peso de todos os partidos da futura coligação. Além do PL, devem compor a coligação do prefeito outras dez siglas: PSD, Republicanos, Progressistas, Podemos, Solidariedade, PRD, Agir, Mobiliza, Avante e, a depender do desfecho, o União Brasil.
A convenção do Partido Novo, que confirmará Marina Helena como candidata a prefeita pela sigla e o coronel da Polícia Militar, Reynaldo Priell, como vice, está marcada para domingo, 21, no edifício Itália. Entre os apoiadores convidados estão a vereadora Cris Monteiro, o ex-deputado estadual Ricardo Mellão e o criador do canal Ideias Radicais Raphael Lima.
Veja as datas das convenções em São Paulo:
- Guilherme Boulos (PSOL): 20 de julho
- Convenção do União Brasil: 20 de julho
- Marina Helena (Novo): 21 de julho
- Convenção do PL: 22 de julho
- José Luiz Datena (PSDB): 27 de julho
- Tabata Amaral (PSB): 27 de julho
- Altino Prazeres (PSTU): 3 de agosto
- Ricardo Nunes (MDB): 3 de agosto
- Ricardo Senese (UP): 4 de agosto
- Pablo Marçal (PRTB): data não definida
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