CPI dos Sanguessugas liga novo deputado do PT a dossiê

Foram registradas ligações telefônicas de Carlos Abicalil com os envolvidos entre 22 de agosto e 12 de setembro, período em que foi negociado o dossiê Vedoin

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Por Agencia Estado
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Um cruzamento feito pela CPI dos Sanguessugas detectou que o deputado Carlos Abicalil (PT-MT) conversou ao telefone 29 vezes com dois envolvidos na compra do dossiê contra políticos tucanos. As ligações telefônicas foram feitas entre 22 de agosto e 12 de setembro, período em que foi negociado o dossiê com Darci Vedoin e seu filho, Luiz Antonio Vedoin, donos da Planam, principal empresa da máfia das ambulâncias. O vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), e o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) defenderam, nesta quarta-feira, a convocação de Abicalil. "Temos de convocá-lo para que ele explique essa troca de telefonemas feita precisamente no período mais crítico das negociações de compra do dossiê contra os tucanos", afirmou Jungmann. "As ligações não são prova do envolvimento do parlamentar, mas elas ocorreram em datas importantes da compra do dossiê", observou o sub-relator Carlos Sampaio (PSDB-SP), responsável pelo cruzamento dos dados com a quebra do sigilo telefônico dos envolvidos na tentativa de compra de dossiê antitucano. A maior parte das ligações foi feita entre Carlos Abicalil e Expedito Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil (BB) e um dos negociadores da documentação. Entre 22 de agosto e 12 de setembro, os dois se falaram 27 vezes ao telefone celular. No dia 5 de setembro Abicalil telefonou duas vezes para Valdebran Padilha, um dos petistas presos com R$ 1,7 milhão que seria usado para a compra do dossiê. Segundo depoimento de Valdebran à Polícia Federal, foi nessa data que ocorreu o segundo encontro entre ele, Expedito, Gedimar Passos (que também foi preso com R$ 1,7 milhão) e Darci Vedoin. Foi nessa reunião que teria sido finalizado o valor a ser pago pelo dossiê, de acordo com Valdebran. Troca de ligações Pelo levantamento feito por Carlos Sampaio, no dia 22 de agosto, véspera da primeira de três idas de Expedito Veloso a Cuiabá, o ex-diretor do BB e Abicalil trocaram nove ligações - Expedito ligou seis vezes para o deputado petista e Abicalil telefonou três vezes para Veloso. No dia 24 de agosto, quando Expedito continuava em Cuiabá, o ex-diretor do BB telefonou cinco vezes para Abicalil. O deputado retornou duas ligações. No dia 25 de agosto, Expedito ligou uma vez para Abicalil. Neste dia, o ex-diretor do BB já estava em Brasília. No dia 31 de agosto, Expedito ligou duas vezes para Abicalil, no auge das negociações do dossiê antitucano. No dia 7 de setembro, data em que foi fechado o acordo para a compra do dossiê, Expedito ligou uma vez para Abicalil. O deputado petista telefonou duas vezes para o ex-diretor do BB. Em 8 de setembro, Expedito ligou uma vez para Abicalil, que retornou duas ligações para o ex-diretor do BB. E em 12 de setembro, data em que Expedito estava em Cuiabá para acompanhar a entrevista que Luiz Vedoin daria à revista "Isto É" no dia 13, o ex-diretor do Banco do Brasil telefonou uma vez para Carlos Abicalil. Tanto Carlos Sampaio quanto Fernando Gabeira defenderam a convocação do presidente licenciado do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), que trocou telefonemas com Oswaldo Bargas, investigado pela Polícia Federal como um dos negociadores do dossiê antitucano. Os dois também querem a convocação de Hamilton Lacerda, ex-assessor da campanha ao governo de São Paulo do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que teria levado o dinheiro para a compra do dossiê. "O depoimento de Lacerda é essencial para a investigação", disse Sampaio. Na terça-feira, a CPI dos Sanguessugas ouve o depoimento de três envolvidos no escândalo do dossiê: Jorge Lorenzeti, Valdebran Padilha e Gedimar Passos.

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