Entenda a crise com Arthur Lira que resultou na demissão da presidente da Caixa por Lula

Exposição artística patrocinada pela Caixa que colocou o presidente da Câmara em uma lata de lixo foi gota d’água para nomeação de aliado de Lira para a presidência da estatal

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Foto do author Gabriel de Sousa

BRASÍLIA – A tensão entre o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), pelo comando da Caixa Econômica Federal ganhou novos contornos com a demissão de Rita Serrano da presidência do banco nesta quarta-feira, 25. A chefia da Caixa foi prometida ao PP na mudança ministerial realizada em setembro, mas ainda não havia sido entregue. Uma exposição artística patrocinada pela estatal, que colocou o presidente da Câmara em uma lata de lixo, foi a gota d’água para acelerar o processo.

Tensão entre Lula e Lira pela presidência da Caixa foi agravada após exposição patrocinada pela estatal que mostrou o presidente da Câmara em uma lata de lixo Foto: WILTON JUNIOR

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Servidora de carreira nomeada por Lula para assumir a presidência da Caixa em janeiro, Rita Serrano foi substituída pelo economista Carlos Antonio Vieira Fernandes, indicado por Lira. A demissão de Serrano ocorreu em uma conversa nesta quarta no Palácio do Planalto. Ela era da “cota pessoal” de Lula, mas deputados e senadores reclamavam do seu perfil técnico. Segundo eles, a então presidente do banco não atendia aos pedidos feitos por parlamentares.

Rita Serrano é a terceira mulher do governo Lula a perder o cargo para o Centrão. Pelo mesmo motivo, Lula exonerou Daniela Carneiro do Turismo, que foi substituída por Celso Sabino, e Ana Moser do Esporte, que deu lugar a André Fufuca, apadrinhado de Arthur Lira.

A demissão de Rita Serrano e a entrega do comando do banco a um aliado de Lira ocorreu após a Caixa suspender uma exposição que mostrava o presidente da Câmara dos Deputados em uma lata de lixo junto com a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes. A mostra era patrocinada pelo banco e estava disponível para o público no espaço da Caixa Cultural, em Brasília, desde o último dia 17.

A exposição era chamada de “O Grito!” e reunia o trabalho de seis artistas que, segundo o banco, “refletiam sobre os 200 anos da independência do Brasil”. A obra causadora da polêmica é de autoria da artista plástica Marília Scarabello e apresenta um painel de diversas bandeiras do Brasil representadas com críticas políticas relacionadas ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Arthur Lira, Paulo Guedes e Damares Alves foram representados em uma lata de lixo em obra que estava em exposição patrocinada pela Caixa Econômica Federal Foto: Reprodução/X

Lira anunciou ‘obstrução’ na Câmara por demora em nomeação

Antes da exposição, Lula ganhava tempo em ceder os cargos de comando da Caixa ao Centrão. A troca de Rita Serrano por uma indicação de Lira já era certa, mas as negociações chegaram a um impasse porque o Palácio do Planalto não aceitava ceder as 12 vice-presidências do banco. O PP deseja ter todos os cargos e quer, em especial, a vice-presidência de Habitação, que cuida do programa Minha Casa, Minha Vida.

No final do mês passado, aliados de Lira disseram que ele ficou incomodado com declarações de Lula sobre a troca na liderança da Caixa. No dia 25 de setembro, o petista afirmou que só ele “coloca ou tira” alguém da presidência do banco. Uma semana antes, no dia 17, o presidente da Câmara disse, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que as nomeações para a estatal teriam que passar por ele.

Em resposta ao petista, Lira anunciou no dia 27 uma “obstrução” na Câmara dos Deputados, não pautando projetos para serem votados pelo plenário da Casa. Após se reunir com líderes partidários, incluindo o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), o alagoano recuou da decisão.

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