BRASÍLIA - Reunido com um grupo de deputados e advogados na residência oficial da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ficou "indignado" com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki de afásta-lo do mandato de deputado federal e, consequentemente, da presidência da Casa.
"Ele reagiu como todos nós, indignado", afirmou o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), após se reunir com Cunha. O deputado Hugo Motta também diz ter encontrado o agora presidente afastado da Câmara "abalado" e "sem falar muito". De acordo com o primeiro-secretário da Casa, Beto Mansur (PRB-SP), que também visitou Cunha nesta tarde, o clima na residência oficial era de perplexidade.
Paulinho da Força, também não poupou críticas a Teori, a quem acusou de realizar uma "intervenção" no Poder Legislativo.
"O que teve hoje, na prática, é uma intervenção de um ministro do Supremo na Câmara. Tira o Eduardo fora disso, ele cassou o mandato de um deputado por uma liminar. Por essa base, ele cassa mais 400, 300, 200 deputados que têm processo no Supremo. Precisamos avaliar isso depois", ressaltou Paulinho.
Segundo Motta, os advogados de Cunha também consideraram a decisão de Teori como "uma interferência", principalmente por suspender o mandato parlamentar. O deputado relatou ainda que a equipe jurídica está aguardando os argumentos de Teori no julgamento da Corte hoje para se posicionar. Eles devem entrar com um recurso contra a medida. Mansur avaliou a situação como "confusa" e também considerou que é preciso aguardar o julgamento do STF sobre a ação da Rede Sustentabilidade, que implica no afastamento de Cunha.
Apesar da decisão, Mansur acredita que os trabalhos na Câmara continuarão normalmente com o vice-presidente Waldir Maranhão. Apesar de declarar que "Cunha está bem", ele revelou que, assim como seus aliados, o peemedebista estava "surpreso e perplexo" com seu afastamento. "Todos que estão na Casa há muitos anos estão perplexos com isso, mas o fato não atrapalha o andamento dos trabalhos, mas surpreende muita gente, temos que aguardar", ponderou Mansur.
Após encontro com Cunha, Paulinho se dirigiu para o Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência, para se encontrar com Michel Temer (PMDB). Antes da chegada do deputado, o vice cumpria agenda com Henrique Meirelles, que deve assumir o Ministério da Fazenda num eventual governo do peemedebista. Também estava presente no encontro o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que deve assumir o Ministério do Planejamento, e Eliseu Padilha, cotado para comando a Casa Civil.
