CUT se isola em defesa do fim do imposto sindical

Demais centrais, favoráveis à cobrança, vão se unir pela primeira vez no 1º de Maio

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Os preparativos para a comemoração do 1º. de Maio deixam evidente, mais uma vez, que o imposto sindical é o divisor de águas entre as centrais sindicais brasileiras. Pela primeira vez, cinco entidades se uniram para organizar um evento único no Dia do Trabalho - neste domingo, na Barra Funda, zona oeste da Capital - mas a Central Única dos Trabalhadores (CUT) não aderiu. Resolveu bater firme na tecla de que é o momento de eliminar o imposto, principal fonte de financiamento do movimento sindical no Brasil.

 

PUBLICIDADE

Assim, a festa unificada será promovida pela Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e Central Geral dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

 

O ato da CUT será no Parque da Independência, no Ipiranga. "Faremos um 1º. de Maio sem sorteios de carros e outras bobagens que despolitizam os trabalhadores", provoca o presidente da CUT, Artur Henrique. "O ato principal terá shows e manifestações culturais que celebra nossa identidade com os povos africanos", informa o sindicalista.

 

No 1º de Maio unificado da Força com as outras centrais haverá sorteio de 20 carros zero quilômetro, além de shows gratuitos de música sertaneja, pagode, pop e MPB.

Publicidade

 

O presidente da Força, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), admite que sorteios e shows garantem a presença de grande público. "Mas ao menos tudo o que a gente fala lá o pessoal ouve muito bem", explica o sindicalista. "E vamos ter uma participação política bastante democrática no evento."

 

Cobrança. Artur Henrique argumenta que a CUT, com sua posição, está cobrando o cumprimento do acordo para o fim do imposto assinado pelos presidentes das seis maiores centrais sindicais em 2008, quando foi aprovada a lei que reconheceu essas entidades. A lei definiu que as centrais receberiam 10% de todo o imposto sindical recolhido no País. Em 2010, o porcentual correspondeu a R$ 102,9 milhões.

 

"A CUT está em luta pelo fim do imposto sindical como sempre esteve", diz ele. "Os outros cinco signatários de acordo público com o governo pelo fim do imposto é que estão quebrando acordo público que assinaram."

 

O acordo defendido pela CUT previa o envio de projeto do governo ao Congresso para extinguir o imposto e criar a contribuição negocial. Neste caso, as categorias decidiriam em assembleia a sua cobrança ou não e, se ele existisse, de quanto seria.

Publicidade

 

"O imposto sindical é o único imposto a favor do movimento sindical e que tem consequências positivas para os trabalhadores", defende o presidente da UGT, Ricardo Patah. Para o ele, trocar o imposto por uma contribuição negocial não seria a melhor solução: permaneceriam os problemas da contribuição assistencial.

 

"Ela tem vulnerabilidades que tornam possível às empresas adotarem práticas antissindicais para impedir que os sindicatos recebam recursos", justifica Ricardo Patah.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.