O ex-presidente Lula é a personalidade mais aprovada entre os nomes avaliados pelo Barômetro Político Estadão-Ipsos de maio*, com 45% de menções positivas (índice similar ao de antes do julgamento em janeiro deste ano). Em seguida, aparecem o juiz Sergio Moro (40%), o ex-Ministro do STF Joaquim Barbosa (37%), a ex-Ministra do Meio Ambiente e presidenciável Marina Silva (30%) e a Presidente do STF Carmen Lúcia (25%).
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Outros presidenciáveis aparecem em um segundo pelotão: Bolsonaro (23%), Alckmin (17%), Ciro (17%), Dória (14%) e FHC (13%).
Com 52% de desaprovação, Lula não consta nem entre os dez nomes com pior avaliação – ao contrário de outras personalidades que figuram ou figuraram como possíveis presidenciáveis, como Alckmin (69%), Ciro (65%), Dória (62%), Meirelles (61%), Haddad (61%) e Marina (61%). Tais patamares de desaprovação ilustram o grau de insatisfação geral com o sistema, os partidos e os políticos, num cenário onde o eleitor irá às urnas tomado por um sentimento geral de revolta, desencanto e resignação com as opções que aí estão. O aumento do absenteísmo e do número de votos brancos e nulos é uma realidade bem plausível.
O bom desempenho de Lula no Barômetro Político Estadão-Ipsos tem sido consistente há meses e não foi abalado nem mesmo com sua condenação e posterior encarceramento. Este fenômeno reflete não somente a força de sua imagem, mas também o vácuo de lideranças dentro e fora do PT.
De um lado, parte dos simpatizantes de Lula minimizam seu envolvimento em casos de corrupção; de outro, a população que rejeita o ex-presidente não encontrou ninguém entre os possíveis presidenciáveis que encarne o espírito dessa insatisfação generalizada e do sentimento de abandono que toma conta do brasileiro. Preocupante para os pretendentes ao posto de líder da nação e uma lástima para nossa fragilizada democracia que se viu incapaz de fomentar o necessário debate sobre os rumos deste país.
O Brasil de 2018 apresentou o contexto perfeito para o surgimento de um outsider, mas Barbosa (que detinha um considerável potencial eleitoral) desistiu da candidatura, o efeito Dória durou pouco na prefeitura de São Paulo e Jair Bolsonaro encontrará dificuldades para aglutinar apoio entre as camadas mais pobres da população (ainda que seu eleitorado derivado de parte da classe média desencantada com o sistema seja suficiente para levá-lo ao 2º turno).
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Se o sentimento do brasileiro é de mudança, a realidade tende a ser bem diferente. Os velhos partidos, mesmo sob novas siglas, não representam novas direções. PSDB e (P)MDB certamente farão muitos governadores e deverão manter sua posição de destaque no Legislativo, mas seus presidenciáveis encarnam a velha política e precisarão seduzir o eleitorado no corpo-a-corpo eleitoral feito a cada 4 anos para mostrarem que não são mais do mesmo.
O desencanto com os rumos do país e a falta de confiança nas instituições turbinam a carência por lideranças que verdadeiramente entendam os problemas do povo. Nomes como Ciro e Marina precisarão conquistar o eleitorado lulista se quiserem disputar o 2º turno contra Jair Bolsonaro, uma perspectiva até aqui distante para Geraldo Alckmin.
*Pesquisa realizada entre os dias 1 e 16 de maio de 2018, através de uma amostra nacional representativa de 1200 entrevistas domiciliares conduzidas por meio de questionário estruturado.
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