Datena sonda ex-marqueteiro de Nunes, PSDB aluga ‘QG’ de campanha e Band testa substitutos

Apresentador se movimenta para estruturar candidatura, mas partido ainda não tem data de primeiro compromisso público e nem da convenção

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Foto do author Pedro Augusto Figueiredo
Foto do author Zeca  Ferreira

Embora não tenha feito atos públicos desde que lançou a pré-candidatura a prefeito de São Paulo no início de junho, o apresentador José Luiz Datena (PSDB) se movimenta para construir a estrutura necessária para disputar a eleição. Desde que tirou férias da televisão no último dia 29, a principal iniciativa foi iniciar conversas com o marqueteiro Felipe Soutello. A conversa foi com representantes do PSDB, e não com o jornalista. Filiado à sigla, ele atuou como conselheiro do prefeito Ricardo Nunes (MDB), mas se afastou do prefeito nos últimos dois anos.

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O histórico de recuos eleitorais de Datena, que já desistiu de se candidatar em quatro ocasiões, faz com que ainda pairem dúvidas se ele estará mesmo nas urnas em outubro. Lideranças tucanas, como os presidentes nacional, Marconi Perillo, e o presidente municipal, José Aníbal, e o próprio apresentador garantem que desta vez ele será candidato. Adversários, no entanto, ainda demonstram ceticismo, pois consideram o jornalista imprevisível.

Os sinais são dúbios: a quase um mês do início da campanha oficial, ainda não há data para o primeiro evento público e o PSDB ainda não definiu quando realizará sua convenção, uma das etapas para levar adiante a candidatura e que precisa ser realizada entre 20 de julho e 5 de agosto.

Por outro lado, o apresentador entrou de férias, deixou a apresentação de seu programa como exige a legislação eleitoral, anunciou que quando o período de descanso acabar tirará licença não-remunerada para fazer campanha e se prepara para participar da sabatina a ser realizada pelo jornal Folha de S. Paulo na terça-feira, 16.

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Datena lançou pré-candidatura a prefeito de São Paulo em junho. Foto: Divulgação/PSDB MUNICIPAL SP Foto: DIV

O PSDB garante que Datena terá os recursos necessários para a campanha, mas, com o encolhimento do partido nos últimos anos, os tucanos terão uma fatia menor do Fundo Eleitoral: a sigla receberá R$ 156 milhões para bancar candidatos em todo o País, montante inferior aos R$ 170 milhões, em valores corrigidos, recebidos em 2020. “Eu não vou colocar um tostão”, disse Datena ao Estadão em junho.

Soutello é filiado ao PSDB, onde já fez campanhas de José Serra (PSDB), Geraldo Alckmin, hoje no PSB, e do ex-prefeito Bruno Covas, morto em 2021 em decorrência de um câncer. Ele foi um dos articuladores da chapa Lula-Alckmin na eleição de 2022, que foi levada a cabo por Fernando Haddad (PT).

Na eleição de 2022, o marqueteiro atuou na campanha de Simone Tebet (MDB) e foi favorável a ela declarar apoio ao petista no segundo turno contra Jair Bolsonaro (PL). Com exceção de Pablo Marçal (PRTB), todos os principais pré-candidatos tiveram conversas com o marqueteiro sobre a eleição municipal.

Tabata Amaral (PSB), por exemplo, procurou Soutello após o rompimento com o marqueteiro Pablo Nobel, como mostrou a Coluna do Estadão. Ela, contudo, acabou fechando com o chefe de comunicação digital da gestão de Eduardo Paes (PSD) no Rio de Janeiro.

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Felipe Soutello: marqueteiro ligado ao PSDB negocia para assumir campanha de Datena. FOTO: FELIPE RAU/ESTADAO Foto: Felipe Rau/Estadão

Em outro sinal que busca se estruturar, o PSDB alugou uma nova sede para o diretório paulistano após a antiga ser alvo de disputas como o ex-presidente Fernando Alfredo. O novo endereço, na rua Minas Gerais, próximo à Avenida Paulista, servirá como uma espécie de “quartel-general” da campanha de Datena quando o período eleitoral começar em 16 de agosto. A informação foi publicada pela revista Veja e confirmada pelo Estadão.

A Band também se prepara para os próximos meses sem Datena. A expectativa é que ele permaneça focado na campanha eleitoral, afastando-se do programa Brasil Urgente ao menos até o fim da eleição, ao contrário do que ocorreu em 2018: naquele ano o apresentador deixou o programa antes do dia 30 de junho como estipula a legislação, mas voltou ao ar de forma repentina e sepultou sua candidatura ao Senado.

Na semana passada, a emissora realizou testes com outros apresentadores para o vespertino de notícias policiais. No último sábado, 6, Felipe Garraffa estreou como âncora. Porém, a aposta principal da Band é Joel Datena, filho do pré-candidato do PSDB, para assumir o comando do Brasil Urgente. A complicação surge porque Joel já apresenta um programa matinal na emissora, cuja duração será estendida. Apesar disso, já circula internamente na emissora peças publicitárias do Brasil Urgente com Joel como apresentador. A Band foi procurada, mas não se manifestou.

Datena organiza sua pré-candidatura ao mesmo tempo em que negocia a renovação contratual com o canal de televisão. Segundo o colunista Flávio Ricco, do R7, ele aceitou reduzir 70% de seu salário, mas deixou apalavrada a renovação por mais dois anos caso não seja eleito prefeito.

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