Para analistas políticos, o governo de Jair Bolsonaro (PL) deve centralizar as atenções do debate deste sábado, 24, a partir das 18h15, entre candidatos à Presidência da República. O evento é organizado pelo Estadão e a Rádio Eldorado em parceria com SBT, CNN, Veja, Terra e Nova Brasil FM. O debate será transmitido ao vivo pelas redes sociais do Estadão e pela Rádio Eldorado.
Reta final
“A grande maioria dos presentes deve criticar o Bolsonaro por ele ser o presidente e tentar a reeleição. Esse presidencialismo de confrontação que ele levou a cabo durante o governo será criticado ao longo do debate. Lula será alvo de críticas também, mas principalmente do presidente Bolsonaro”, afirma o analista Rodrigo Prando, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
O analista político Rubens Figueiredo destaca o fato de as pesquisas apontarem uma vantagem de Lula sobre Bolsonaro e “uma estabilidade no índice de intenções de votos”. “Para ele (Bolsonaro) interessa que o debate gere repercussão, suas falas sejam comentadas nas redes sociais, então acho que terá uma postura mais agressiva, vai preparar melhor seus ataques”, afirma.
A possível ausência de Lula pode ser, segundo o analista Rafael Cortez, uma oportunidade perdida de atrair votos de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) - como vem tentando a campanha do petista. “Ele perde a oportunidade de se manifestar e tentar se diferenciar em relação ao presidente Bolsonaro. Para o voto útil acontecer precisa haver um diferencial no quesito rejeição. Quem não é o eleitor polarizado - que está com Lula ou Bolsonaro - precisa ter uma percepção de que os dois são distintos para abandonar seu voto e optar por um deles”, explica.
Ciro e Tebet
Os candidatos Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) estarão presentes no debate e, de acordo com os analistas, devem se mostrar como opções viáveis. A diferença é que Ciro deve adotar uma postura mais firme com relação ao ex-presidente petista.
“É um momento de reta final e isso, especialmente pela probabilidade matemática de vitória de Lula no primeiro turno, vai acirrar os ânimos de todos presentes. Aquele que terá os ânimos mais acirrados creio que será Ciro Gomes por causa da pressão e assédio que está sofrendo, por um lado para desistir de sua candidatura, e por outro que seus eleitores o deixem na perspectiva do voto útil”, diz Prando.
Para Rafael Cortez, Ciro e Simone disputam atualmente uma parte do eleitorado de Bolsonaro. “A política brasileira tem um conflito sócio-econômico e um conflito moral, que percebemos ao ver a variação (de intenção de votos) importante que existe nas faixas de renda e quando a gente olha pelo ponto da religião, por exemplo. Daí a gente extrai que existem dois grandes conflitos importantes nessa eleição.”
“Essa reta final é determinada pela capacidade das campanhas de gerirem bem o comportamento dos candidatos, para que evitem erros”, diz Cortez.
Regras
Foram convidados, conforme exige a legislação, os sete candidatos cujos partidos possuem no mínimo cinco deputados federais: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil), Felipe d’Avila (Novo) e Padre Kelmon (PTB). A mediação será do jornalista Carlos Nascimento.
Serão quatro blocos, com duração total de cerca de duas horas. Em dois blocos os candidatos se enfrentam diretamente e, nos demais, respondem a perguntas de jornalistas dos veículos que compõem o pool. Não haverá plateia. No estúdio estarão apenas 4 assessores de cada candidato.
Da esquerda para a direita, a ordem dos candidatos no estúdio será D’Avila, Soraya Thronicke, Lula, Simone Tebet, Bolsonaro, Ciro Gomes e Padre Kelmon. Ao centro, entre Tebet e Bolsonaro, estará o jornalista Carlos Nascimento.
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