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Debate na Band: encontro tem troca de farpas e Nunes como alvo dos rivais

Dinâmica tem os cinco candidatos mais bem posicionados nas pesquisas: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB)

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Foto do author Bianca Gomes
Foto do author Hugo Henud
Foto do author Pedro Augusto Figueiredo
Atualização:

O primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, organizado pela Band, foi marcado por trocas de farpas e ataques de baixo calão. Como esperado, o atual prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB), foi o principal alvo dos adversários, enquanto Pablo Marçal (PRTB) assumiu o papel de “franco-atirador”, disparando críticas e até palavrões contra Nunes, José Luiz Datena (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB).


Ricardo Nunes, Pablo Marçal, Tabata Amaral, José Luiz Datena e Guilherme Boulos Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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O debate começou com troca de acusações entre os candidatos à Prefeitura. Marçal associou Boulos a “invasões” no centro, enquanto Datena acusou Nunes de “destruir a cidade” e não cumprir o plano de metas de seu antecessor, o tucano Bruno Covas. Boulos criticou a administração atual, afirmando que a cidade está abandonada, e mencionou o aumento de obras realizadas sem licitação. Em resposta, Nunes acusou Boulos de legalizar a “rachadinha”, referindo-se ao caso de suposta rachadinha envolvendo o deputado federal André Janones (Avante-MG), no qual Boulos atuou como relator no Conselho de Ética da Câmara e pediu arquivamento.

O primeiro bloco foi dominado por ataques de baixo calão, com destaque para as declarações de Marçal, que, como esperado, atuou como um franco-atirador. O candidato do PRTB afirmou que Boulos “come açúcar” e, por isso, não teria condições de cuidar da saúde da população. Ele também atacou Tabata Amaral, chamando-a de “para-choque de comunista”, “candidata fantoche” que parece uma “jornalistazinha militante”.

Nunes foi o principal alvo dos demais candidatos. Seus adversários exploraram temas sensíveis da gestão municipal, como as obras sem licitação e as investigações que apontam para uma suposta ligação entre empresas de ônibus e o PCC. Marçal, numa tentativa de conquistar os votos da direita, chamou Nunes de “falsa direita”, lembrou que o partido do prefeito possui ministérios no governo Lula e que Marta Suplicy, vice de Boulos, foi sua secretária até janeiro.

“Você está falando que está fazendo no gerúndio, você está copiando o governo que você apoia, que chama PT, onde você tem o ministério garantido. Também quero falar para todo mundo dessa cidade: por que a Marta Suplicy, que é vice daquele cara de extrema esquerda (Boulos) era secretária desse cara aqui, da falsa direita?”, disse Marçal.

Datena ensaiou uma dobradinha com Boulos ao chamá-lo para fazer uma pergunta e atacar Ricardo Nunes. No entanto, em seguida, o apresentador se voltou contra o líder sem-teto. “Olha, Boulos, você precisa responder quem é Janones. Você instituiu a legalização da rachadinha? Precisa responder quem é Nicolás Maduro?”, disse Datena.

Tabata teve pouca participação no primeiro bloco, mas protagonizou um embate com Marçal ao questioná-lo sobre a Operação Água Branca, que ele desconhecia. “Você pode esclarecer o que é a operação água branca? Deve ser algum bandido de esquerda que deve estar envolvido,” respondeu Marçal, arrancando risos da plateia. Tabata retrucou: “Para ser prefeito de São Paulo, é preciso estudar.”

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Janones e Venezuela viram vidraça de Boulos

O parecer de Boulos que absolveu Janones da acusação de rachadinha no Conselho de Ética, junto com seu posicionamento em relação à ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela, gerou críticas dos adversários. “Você anda de braços dados na Comissão de Ética com o Janones da rachadinha,” atacou Datena. “Depois, quero saber se você é democrata, porque parece que não é, apoia Maduro e a ditadura na Venezuela. Você deveria ser prefeito em Caracas,” disparou Datena contra Boulos. O líder sem-teto respondeu: “Ô, Datena. Até tu com fake news? Te conheço, sei que você é uma pessoa correta”.

Tabata e Marçal protagonizam embates

Tabata e Marçal protagonizaram várias trocas de farpas durante o debate. No primeiro bloco, Tabata desconcertou Marçal ao questioná-lo sobre a Operação Água Branca, da qual ele não tinha conhecimento. “Você pode esclarecer o que é a Operação Água Branca? Deve ser algum bandido de esquerda envolvido,” respondeu Marçal, provocando risos na plateia. Tabata retrucou: “Para ser prefeito de São Paulo, é preciso estudar.”

Em outro momento, Tabata citou as acusações de fraude bancária envolvendo Marçal e perguntou se ele planejava usar sua “experiência no mundo do crime” para desenvolver políticas públicas de segurança. O ex-coach retrucou dizendo que ela estava o confundindo com “sua heroína, Dilma Rousseff” e chamou Tabata de “adolescente”.

Candidata do Novo faz protesto em chegada à emissora

Marina Helena, candidata do Novo, ficou de fora do debate, mesmo após a filiação do deputado federal Ricardo Salles (Novo), que se tornou o quinto parlamentar de seu partido na última sexta-feira, 2. A Band argumentou à Justiça que levou em consideração o tamanho da bancada no dia 20 de julho.

Em resposta, a economista organizou um protesto com militantes do partido contra a decisão da emissora. “Hoje é uma chance de todos os candidatos levarem as suas propostas para a cidade. Por que não querem me escutar? Nós temos cinco parlamentares no Congresso Nacional, há candidatos aqui que não têm nenhum”, disse Marina Helena.

Boulos chegou à Band acompanhado de sua vice, a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), e afirmou que seu foco será discutir propostas para a cidade. “Candidatos que vão baixar o nível, não contem comigo. Estou aqui para este debate com respeito e compromisso.”

Ao lado de Marta Suplicy, Boulos chega para debate na Band Foto: Daniel Teixeira/Estadao

O ex-coach Pablo Marçal deixou claro que seu alvo será Boulos e o atual prefeito. “Vou fazer perguntas para ver até onde eles vão tentar enrolar o povo. E para quem vou perguntar? Para quem diz que está querendo ganhar essa eleição: Boulos e Nunes. Eles vão tomar um atropelo aqui hoje.”

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Pablo Marçal chega para debate na Band na noite desta quinta-feira Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Datena, estreante na eleição, também comentou suas expectativas, afirmando que espera um debate de “bom nível”. O apresentador, que busca se posicionar como uma terceira via na disputa municipal, criticou a polarização no país: “Essa polarização está destruindo o Brasil e quase provocou um golpe de Estado. Chega de Lula e Bolsonaro. Parece que os candidatos são Lula e Bolsonaro, mas, na verdade, são Boulos e Ricardo”, disse o apresentador, que está de férias da Band e afirmou ser “estranho” estar na emissora e não apresentar o seu programa.

Datena chega à Band para o debate desta quinta-feira em São Paulo Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Tabata Amaral, que chegou acompanhada de sua vice, Lúcia França (PSB), destacou a importância do debate como o momento mais crucial antes do início oficial da campanha. Ela enfatizou que muitos eleitores ainda não conhecem os candidatos ou não decidiram em quem votar. “A gente tem chão pela frente.”

Tabata Amaral chega à Band para o debate entre os candidatos em São Paulo Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Por fim, o prefeito Ricardo Nunes, último a chegar, ressaltou as conquistas de sua gestão e afirmou que espera um “debate de alto nível” para discutir a cidade. “Estou bastante tranquilo. Não há tema que eles comentem que eu não possa responder de forma objetiva e concreta, com base nas ações realizadas para a nossa cidade.”

Ricardo Nunes chega à Band para o debate entre os candidatos Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta aponta um cenário estável na corrida eleitoral paulistana, com Nunes e Boulos empatados tecnicamente com 23% e 22% de intenção de voto, respectivamente. Datena e Marçal têm 14% cada, e Tabata aparece em seguida, com 7%. A economista Marina Helena (Novo), que não participa do debate da Band, registrou 4%. João Pimenta, do PCO, marcou 2%, e Altino (PSTU), 1%. Os demais candidatos não pontuaram. Eleitores que dizem votar branco ou nulo somam 11%, e 3% dos entrevistados não responderam.

Como será o debate

A dinâmica será dividida em três blocos. No primeiro, cada candidato terá um minuto e meio para responder a uma pergunta escolhida pela produção do canal. Em seguida, haverá o primeiro confronto direto. Todos os candidatos poderão escolher um adversário para responder perguntas de até um minuto, com direito a réplica por mais um minuto. O candidato escolhido terá quatro minutos no total para a resposta e a tréplica.

No segundo bloco, jornalistas da Band farão perguntas e escolherão candidatos para respondê-las e comentá-las. Todos respondem e comentam. Serão dois minutos para a resposta, um minuto para o comentário e mais um minuto para a réplica.

O terceiro bloco repetirá o confronto direto do primeiro com as mesmas regras, mas com uma sequência diferente: Marçal, Tabata, Nunes, Boulos e Datena. Ao final, cada um terá dois minutos para comentar temas apontados como prioridade pelos eleitores e telespectadores, tempo que também será usado para a despedida. A ordem será Boulos, Datena, Tabata, Marçal e Nunes.

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