PUBLICIDADE

Debate na TV Cultura: regra prevê expulsão de candidato e campanhas esperam ‘clima mais civilizado’

Emissora de televisão realiza encontro entre candidatos à Prefeitura de São Paulo neste domingo, 15, às 22h; regras mais rígidas foram adotadas para evitar baixaria vista em programas anteriores

PUBLICIDADE

Foto do author Zeca  Ferreira
Foto do author Bianca Gomes

O próximo debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo será realizado neste domingo, 15, às 22h, pela TV Cultura. O evento terá regras mais rígidas para evitar o clima de desrespeito visto em debates anteriores. Entre as punições previstas está até a expulsão de candidatos que cometerem três infrações, como, por exemplo, usar palavras de baixo calão ou acessórios com propaganda política.

As campanhas esperam que essas medidas promovam um debate mais civilizado e permitam a discussão de propostas para a cidade. Foram convidados os seis candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais: Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB), em ordem alfabética.

Nunes, Boulos, Marçal, Tabata, Datena e Marina Helena Foto: Felipe Rau e Werther Santana/Estadão

PUBLICIDADE

A pesquisa mais recente do Datafolha, divulgada na quinta-feira, 12, mostra o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes, tecnicamente empatado com o deputado Guilherme Boulos. O emedebista, no entanto, está numericamente à frente, com 27% das intenções de voto, contra 25% de Boulos. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. Em seguida, aparecem Marçal (19%), Tabata (8%), Datena (6%) e Marina (3%).

Integrantes da campanha do MDB elogiaram as regras definidas pela TV Cultura em conjunto com as demais campanhas. No entanto, esperam que a emissora seja firme na aplicação do regulamento e das sanções, se necessário. Interlocutores do prefeito afirmam que Nunes pretende focar na discussão de propostas para a cidade durante o evento, mas ponderam que o incumbente estará preparado para se defender caso seja alvo de ataques.

Coordenador da campanha de Boulos, Josué Rocha diz que espera um debate civilizado, sem espaço para desrespeito e fake news. “Da nossa parte, faremos um debate propositivo para apresentar soluções para os inúmeros problemas de São Paulo, sem nos pautarmos pelas mentiras e pela agressividade dos nossos adversários. Essa será a nossa postura, e mais do que isso: essa é a postura que se espera de alguém que concorre ao cargo de prefeito da maior cidade da América Latina”, declarou.

Os debates anteriores entre os candidatos à Prefeitura foram marcados por ofensas e palavras de baixo calão. No evento promovido pela TV Gazeta e pelo canal MyNews no começo deste mês, os candidatos desrespeitaram as regras, trocando ataques e apelidos pejorativos, deixando as propostas para a cidade em segundo plano. Para evitar que isso se repita, a TV Cultura adotou regras mais rígidas para seu debate.

A emissora proibiu a presença de plateia, o uso de celulares para filmagens ou transmissões ao vivo, o uso de bonés e outros acessórios, além de palavras de baixo calão. A principal novidade, porém, é o sistema de sanções. Se um candidato infringir qualquer regra, receberá uma advertência e perderá 15 segundos na resposta seguinte. Na segunda infração, perderá 30 segundos. Na terceira, independentemente da regra violada, será expulso do debate.

Publicidade

Apesar das regras rígidas, Marçal afirmou, em sabatina ao Estadão, que manterá a mesma estratégia dos debates anteriores, focada em atacar os adversários. Seu estilo agressivo tem sido criticado por outras campanhas. Interlocutores de Ricardo Nunes, por exemplo, dizem que Marçal está mais preocupado em “lacrar” e criar emboscadas para os adversários, em vez de discutir propostas.

Já a campanha de Tabata Amaral vê as novas regras com ceticismo. Um integrante, sob reserva, afirmou não acreditar que a TV Cultura expulsaria Marçal do debate, mesmo que ele cometesse as infrações. Além disso, a equipe avalia que a expulsão de Marçal poderia favorecê-lo, já que ele tenta sustentar a narrativa de ser “perseguido pelo sistema”. No entanto, a avaliação geral da campanha do PSB é de que o clima deste debate será menos hostil que o dos anteriores.

Outra questão levantada pela campanha de Tabata é que este será um debate “sem estratégia de perguntas”. Nos eventos anteriores, os candidatos podiam escolher para quem direcionar suas perguntas. No debate da TV Cultura, porém, o respondente será sorteado ao vivo, o que exigirá que os candidatos estejam preparados para enfrentar todos os adversários, em vez de focar em uma estratégia direcionada a um oponente específico.

PUBLICIDADE

Um interlocutor de Datena levantou pontos semelhantes aos da campanha de Tabata, afirmando que o sorteio do respondente dificultará a criação de uma estratégia específica para o debate. No entanto, ele adiantou que o candidato do PSDB deve concentrar suas críticas em Pablo Marçal, destacando o suposto envolvimento de membros do partido de Marçal com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Por sua vez, a campanha de Marina Helena, espera que a TV Cultura faça cumprir as regras acordadas. Na avaliação da equipe do Novo, se o regulamento for seguido, o debate será uma oportunidade única para que os candidatos discutam, de fato, os problemas da cidade. A expectativa deles é que as regras favoreçam Marina, permitindo que ela apresente suas propostas a um público mais amplo.