Defensoria Pública da União pede ao TSE cancelamento de ato contra o ‘Pintou um clima’

Defensores solicitaram que encontro não ocorra na comunidade de São Sebastião, periferia de Brasília, para não ‘revitimizar’ a comunidade venezuelana

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Foto do author Julia Affonso

Brasília - A Defensoria Pública da União (DPU) solicitou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proíba um ato marcado para ocorrer na comunidade de São Sebastião, periferia de Brasília, onde moram imigrantes venezuelanas citadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). O protesto está previsto para este sábado, 22, com o tema ‘Pintou um clima? Pintou um crime’, em referência à fala do presidente de que “pintou um clima” com meninas venezuelanas de 14 e 15 anos.

“Requer, em caráter de tutela provisória de urgência inibitória, que o ato público agendado para o dia 22 de outubro de 2022, intitulado “Pintou um clima? Pintou um crime”, não seja executado na circunscrição da comunidade venezuelana de migrantes, notadamente na Região Administrativa de São Sebastião/DF”, pediu a DPU.

A declaração do presidente Jair Bolsonaro (PL) de que “pintou um clima” entre ele e meninas venezuelanas de 14 e 15 anos gerou polêmica nas redes sociais e motivou até pedidos de cassação do cargo.  Foto: Gabriela Biló/ESTADÃO

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As falas de Bolsonaro sobre um encontro dele com meninas venezuelanas na periferia de Brasília em 2020 tiveram repercussão negativa para o presidente. Ao se referir ao encontro durante uma entrevista, Bolsonaro usou a expressão “pintou um clima”, que foi explorada pela campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o levou a gravar um vídeo pedindo desculpas.

No domingo, 16, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, acatou pedido de Bolsonaro e proibiu que a campanha de Lula explorasse a entrevista na qual o presidente fala sobre o encontro. Na noite desta sexta-feira, 21, os defensores públicos federais André Ribeiro Porciúncula e Liana Lidiane Pacheco Dani solicitaram ao TSE para serem admitidos no processo e pediram o cancelamento do ato em São Sebastião.

Segundo os defensores, o ato “vai de encontro ao determinado pela decisão” de Alexandre de Moraes, além de “revitimizar a comunidade venezuelana na localidade, bem como expor e retroceder o bem-estar e dignidade daquela comunidade”.

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“Há temor que o ato público reforce a revitimização e cenário de instabilidade social estigmatizante, tão prejudicial à vivência comunitária”, afirma a Defensoria Pública da União no pedido. O ato está sendo organizado por entidades de São Sebastião, com apoio da campanha Faça Bonito, que combate o abuso e exploração sexual infantil. O encontro está marcado para começar às 16h.

Ao Estadão, a presidente do Centro de Formação e Cultura Nação Zumbi de São Sebastião, Regina Araújo, disse que o ato vai tratar da exploração sexual infantil e da “postura de uma figura pública em relação a essa questão”.

A previsão é de que representantes de entidades, moradores e mulheres se manifestem durante o encontro. “Essa fala acaba envolvendo toda uma comunidade, trazendo um constrangimento para todas nós”, afirmou.

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