A funcionária pública Fabiana Arenita da Silva Conceição, de 45 anos, foi casada durante 22 anos com o sargento da Polícia Militar Reginaldo dos Santos Conceição. O casal teve uma filha, hoje com 11 anos.
No dia 25 de janeiro uma tragédia marcou sua vida. O sargento foi morto a tiros de fuzil por homens do Comando de Operações Especiais (COE), da Polícia Militar, quando estava a serviço da empresa de segurança CampSeg, ao lado da linha de trem, em Cubatão. Os homens do COE confundiram seu marido e os colegas dele com ladrões que costumam atacar composições na região.
Reginaldo levou três tiros, de acordo com o laudo do Instituto Médico-Legal (IML). Dois entraram pelo lado de seu corpo e um pelas costas. Além dele, o guarda civil Wagner Moreira Coelho foi morto e o policial penal Marcelo Henrique Hespanhol ficou ferido. Todos trabalhariam para a empresa CampSeg, de propriedade do ex-vereador Tenente Nelson Santini. O delegado responsável pelo caso, Fábio Guerra, considera ter ocorrido “uma fatalidade”. Ele investiga se houve excesso na ação e aguarda laudos.
“Não havia câmeras nas fardas ou no local. Dependemos dos laudos e depoimentos.” Segundo ele, uma testemunha confirmou que os seguranças atiraram nos policiais do COE. Ele aguarda os exames de balística nas armas e os exames residuográficos.
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A viúva agora luta para reaver os pertences do marido, como o celular onde estão as fotos do sargento com a filha do casal. “Eu fiquei muito mal mesmo, à base de antidepressivo, só Deus sabe... Mas o que é que me passaram? Quem é responsável por essa empresa são oficiais da Polícia Militar”, disse Fabiana à reportagem. “Se eu falar para você que veio alguém até mim, não veio. Não sei. Eu sei pela boca dos outros que são oficiais da Polícia Militar.”
De acoprdo com ela, “mudou de empresa (de segurança) e essa CampSeg assumiu”. De acordo com ela, a intenção seria reforçar o policiamento. “Na realidade o COE, pelo que eu sei, eles não tinham noção do que se passava ali. Quem estava ali no momento acredita que ali não era nem uma ação para eles estarem no momento, pois eles não foram nem informados de que teria policiais militares ali prestando esse serviço para a CampSeg.”
Fabiana contou que o marido ia deixar o serviço de segurança. faltavam cinco dias para ele deixcar o emprego. Reginaldo estava prestando exame para se tornar corretor de imóveis. “Dia 30 ele ia entregar o serviço. Ele falou que, como tinham passado ele para ser o líder né, tinha oito caras e ele era o líder, ele não queria entregar antes, para não deixar (ninguém) na mão. Ele sempre foi muito Caxias. Então, eu falei pra ele: ‘Vida, sai desse lugar. Você não precisa disso, vamos sair fora disso, a gente faz outra coisa’. E ele falou: ‘Não. Até o dia 30, eu vou ficar, porque daí eu vou entregar, eu vou passar. Ele ia ser corretor de imóveis, mas, infelizmente, não deu tempo.”.
A Secretaria de Segurança Pública informou que vai investigar se agentes de segurança atuaram irregularmente para a empresa CampSeg. Ela informou ainda que há inquérito civil e militar invetsigando o caso do sargento aposentado e do guarda civil. O proprietário da CampSeg, tenente Santini, disse ao Estadão que, caso fique comprovada alguma responsabilidade da companhia, ela “vai arcar”.
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