O ex-deputado federal e ex-procurador da República Deltan Dallagnol (Novo) desistiu de concorrer à prefeitura de Curitiba nas eleições deste ano. Nesta sexta-feira, 3, o partido informou que “não prosseguirá” com a pré-candidatura do ex-parlamentar, que havia sido anunciada em janeiro. Cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no ano passado, Deltan afirmou que um cargo é “apenas um possível meio ou instrumento”.
“Depois de muito orar e refletir, sinto que minha missão neste momento vai além de Curitiba e que posso contribuir de modo mais amplo para a renovação política, ajudando a formar e eleger bons candidatos Brasil afora. Servir nunca foi ou será sobre ocupar um cargo. Não buscamos um cargo, mas uma transformação. O cargo é apenas um possível meio ou instrumento. Servir é sobre fazer a maior e melhor diferença onde ela é mais necessária. É sobre dar a sua melhor contribuição e eu entendo que a minha agora é essa”, disse Deltan.
Em carta conjunta, assinada por Deltan e pelo Partido Novo, o ex-deputado afirmou que seus planos envolvem viagens pelo Brasil para “inspirar, fortalecer e apoiar novas lideranças comprometidas com uma política limpa e competente”.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o ex-procurador afirmou que o desafio neste momento é “ainda maior”, pelo fato de o governo federal estar sob gestão do Partido dos Trabalhadores (PT). Deltan agradeceu o apoio dos curitibanos e afirmou que está “escolhendo lutar em uma frente mais ampla e mais desafiadora”.
Na última pesquisa sobre a disputa da prefeitura da capital paranaense, publicada em 25 de abril, Deltan aparecia empatado na primeira posição, com 18,2% de intenções de voto, com o deputado federal Paulo Martins (PL), com 18%, e o atual vice-prefeito da cidade, Eduardo Pimentel (PSD), com 17,9%.
Deltan concluiu a mudança do Podemos para o Novo em setembro de 2023 para assumir o cargo de embaixador nacional da legenda. Ele recebe R$ 41 mil pela função.
Como mostrou o Estadão, o Novo teve o maior número de filiações em um único mês no partido desde junho de 2019, logo após a chega do ex-deputado federal. Foram 1.720 novos membros registrados em outubro, um mês após a chegada dele.
Em novembro, ele falou que poderia ser candidato à prefeitura da capital paranaense. “Vamos para a linha de frente dessa batalha junto com a população guerreira da República de Curitiba, que sempre apoiou a Lava Jato”, disse Deltan, em referência à operação que lançou seu nome nacionalmente. “O Novo está em primeiro lugar nas pesquisas e tem excelentes nomes que podem ser lançados.”
Em 2022, Deltan foi eleito o deputado federal mais votado do Paraná, com 344.917 votos. No entanto, ele foi cassado em maio de 2023 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em decisão unânime, e exerceu a função, pela última vez, nos primeiros dias de junho.
A decisão da Corte Eleitoral poderia ter efeitos neste ano. Em setembro do ano passado, quando se filiou ao Novo, o ex-deputado foi questionado sobre a perda de seus direitos políticos. Na ocasião, Deltan Dallagnol disse que, segundo vários juristas, ele não perdeu a capacidade de concorrer, uma vez que somente a candidatura foi anulada.
Uma corrente majoritária de entendimento, porém, o considera inelegível por oito anos. Caso o ex-deputado decidisse concorrer ao cargo, o registro de candidatura poderia ser contestado e a Justiça Eleitoral teria que definir sobre a possibilidade de ele disputar ou não a eleição.
Novo diz que missão de Deltan ‘vai além das fronteiras’ de Curitiba
Procurado pelo Estadão, o presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro, afirmou que o partido ainda avalia internamente o novo cenário na disputa em Curitiba. Nas últimas eleições municipais, o partido conseguiu apenas quatro prefeituras em todo o País – duas em Santa Catarina e duas em Minas Gerais.
“Deltan é de uma grandeza ímpar. Seria confortável para ele disputar essa eleição com o favoritismo que ele tem, mas a missão dele vai além das fronteiras de Curitiba. Seguiremos trabalhando juntos, o Novo e o Deltan, para resgatarmos o Brasil do PT em 2026″, afirmou.
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