ENVIADO ESPECIAL A CAMBRIDGE (EUA) - O ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo) saiu em defesa do empresário Elon Musk no embate com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes por causa da desativação de contas no X, o antigo Twitter. Para Deltan, há “um crescente arbítrio da liberdade de expressão de diferentes formas, inclusive pelo cancelamento de contas em redes sociais”, o que, segundo ele, não tem previsão legal.
“(Esse tipo de decisão) cria uma versão moderna de cortar a língua das pessoas porque você faz uma censura prévia”, disse ao Estadão durante a Brazil Conference, no Massachusetts Institute of Technology (MIT). “Existe razão sim com o Twitter. As contas não podem ser censuradas e os conteúdos ideológicos não podem ser censurados. Isso vem acontecendo no Brasil. Isso nos aproxima de países de perfil ditatorial”, prosseguiu.
Musk publicou em sua conta oficial no X que Moraes deve “renunciar ou sofrer um impeachment”. O bilionário também disse que o ministro “traiu descaradamente e repetidamente a Constituição e a população do Brasil”. Ele ainda afirmou que publicará “em breve” na rede social tudo que é exigido por Moraes, dizendo que essas solicitações “violam a lei brasileira”.
Moraes decidiu diversas vezes pela desativação de contas no X ao longo dos últimos quatro anos. As medidas foram adotadas no âmbito das investigações sobre milícias digitais e no inquérito das fake news, que investiga ações orquestradas nas redes para disseminar informações falsas e discurso de ódio, com o objetivo de minar as instituições e a democracia.
Porém, Deltan alega que as informações apresentadas pelo X mostram “que há uma censura de conteúdo por meio de ordens que determinam a moderação e o desestímulo à difusão de determinados conteúdos que são opiniões e não ilegais”.
Em sua conta pessoal, o empresário afirmou que a empresa está levantando todas as restrições determinadas por Moraes. Musk ameaçou rever restrições que foram impostas por decisões judicias e disse que isso, provavelmente, irá fazer o X perder receitas e forçar a empresa a fechar o escritório no Brasil. Ele não mencionou qual decisão do ministro, especificamente, gerou sua reação.
“Este juiz aplicou multas pesadas, ameaçou prender nossos funcionários e cortou o acesso ao X no Brasil”, escreveu. “As restrições de conteúdo no Brasil foram removidas”, afirmou, em outro post.
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