Depoimento de Paulo Rocha sobre mensalão irrita juíza

'Quem manda aqui sou eu'', disse magistrada; deputado admitiu ter recebido R$ 920 mil, mas negou mensalão

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O depoimento do deputado Paulo Rocha (PT-PA) na 10.ª Vara da Justiça Federal, no inquérito do mensalão, era marcado por discussões entre o réu, a juíza Maria de Fátima e advogados. Ao constatar a má vontade do deputado em responder ao interrogatório do procurador, a juíza perdeu a paciência. "O senhor me respeite. Quem manda aqui sou eu. Aqui não é a Câmara dos Deputados. O senhor não vai bagunçar a audiência com essa postura de humildezinho porque é do Pará ou sei lá de onde. O senhor fique quieto e responda às perguntas." Veja também:Especial: quem são os 40 do mensalão  Genoino e Cunha negam envolvimento em esquema Pedro Henry nega na Justiça participação no mensalão Costa Neto nega existência do 'mensalão' O deputado admitiu ter recebido R$ 920 mil em duas parcelas, mas nega que o dinheiro fazia parte do esquema do mensalão. "Como dirigente regional fui ao local certo pedir ajuda para pagar dívidas, a tesouraria nacional do meu partido." Ele explicou que o pedido foi feito ao tesoureiro nacional do partido, Delúbio Soares, e o dinheiro entregue em parcelas à sua assessora, Anita Leocádia, a mando do publicitário Marcos Valério. O dinheiro foi recebido no Banco Rural ou entregue por Simone Cavalcante, executiva das empresas de Valério. Ele disse que R$ 620 mil foram para o PT e R$ 300 mil para o PSB, que integrava a mesma coligação no Estado. Dirigindo-se ao advogado de Paulo Rocha, a juíza disse: "E o senhor fique quieto e não responda às perguntas por ele". Paulo Rocha vinha respondendo às perguntas de forma irônica e lacônica. Ao ser questionado sobre a origem dos R$ 900 mil que recebeu do empresário Marcos Valério, ele respondeu: "Não sei, não tive curiosidade". Paulo Rocha é acusado de ter recebido R$ 900 mil de Marcos Valério. Ele alegou que o dinheiro foi destinado ao pagamento de dívidas do PT no Pará, contraídas durante a campanha eleitoral de 2002. Após a reprimenda da juíza, ele pediu desculpas, disse que estava nervoso, lembrou sua condição de deputado e justificou que não estava numa situação confortável ao estar sendo chamado de réu. "Aqui o senhor não é deputado, não é deputado. Aqui o senhor é réu, denunciado", rebateu a juíza orientando o procurador a "fazer a pergunta que quiser".

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