A deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) acusou o colega de Casa Márcio Jerry (PCdoB-MA) de assediá-la durante a sessão da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado que aconteceu nesta terça-feira, 11. Ele afirma que interveio para defender a parlamentar Lídice da Mata (PSD-BA) de uma abordagem “agressiva” por parte de Júlia.
O incidente foi por volta das 16h. Nesta quarta, 12, por volta do meio-dia, Júlia divulgou nas suas redes sociais uma sequência de fotos na qual Jerry parece abordá-la pelas costas, aproximando o rosto. “Nunca dei liberdade para esse deputado e nem sabia qual era o nome dele. Se fosse uma deputada de esquerda e um deputado de direita: já sabem né?”
O parlamentar nega qualquer crime. “A deputada (Júlia Zanatta), em suas redes sociais, soltou uma fake news. Uma acusação despropositada, leviana e até criminosa”, disse Jerry ao Estadão. Ele afirma que a fotografia publicada é um recorte descontextualizado do que de fato ocorreu.
Instantes depois de Júlia divulgar as duas fotografias, Jerry também usou as redes sociais, para publicar o vídeo correspondente ao momento. Ele afirma que, ao final da sessão, os presentes na Casa dividiram-se em vários grupos e que deputada do PL “estava abordando de forma extremamente agressiva a deputada Lídice da Mata”.
A sessão da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado desta terça foi marcada pelo tumulto entre parlamentares. O ministro da Justiça, Flávio Dino, interrompeu seu depoimento e deixou o plenário ao som de gritos de “fujão”, entoados por parlamentares contrários ao governo.
“Como estava muito barulho, aproximei o rosto da deputada (Júlia) e disse ‘é uma deputada com 40 anos de mandato, respeite’”, afirmou Jerry. No vídeo, é possível ver que ela se vira e responde, mas em seguida a câmera muda de direção.
O Estadão procurou a deputada Lídice da Mata. Ela disse que, durante a sessão desta terça, se envolveu em um embate com parlamentares bolsonaristas que teriam falado para ela “se acalmar”. Lídice estava nas últimas fileiras do plenário e interpretou a fala como um ato machista. “Não tem homem aqui que vai me fazer calar ou pedir calma.”
Segundo Lídice, a deputada Júlia Zanatta teria vindo em direção a ela para intervir na discussão. “Ela virou para mim, de dedo em riste, ‘homem não pode mandar ficar calma não? Pois então eu posso, eu sou mulher’”, diz a parlamentar baiana. Esse seria o instante em que Jerry se aproximou. “Se tem alguém que foi assediada desde o princípio fui eu. Ela (Júlia) veio para me confrontar, auxiliando os deputados do lado dela.”
Questionado pela reportagem, Jerry afirma que está coletando material para avaliar as providências cabíveis.
Em março, Júlia Zanatta publicou nas suas redes sociais uma foto em que segurava uma arma vestindo uma camiseta com uma mão de nove dedos perfurada por balas, o que foi interpretado como uma referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O caso foi levado ao Supremo através de uma representação da liderança petista na Câmara.
A reportagem buscou contato com Júlia Zanatta, mas não obteve retorno.
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