Deputado de SP cobra que governadores ajudem Bolsonaro a reverter inelegibilidade para 2026

Gil Diniz (PL-SP) discursou na CPAC Brasil ao lado do também deputado estadual Lucas Bove; ex-presidente foi recebido aos gritos de “volta, Bolsonaro”

PUBLICIDADE

Foto do author Pedro Augusto Figueiredo
Atualização:

O deputado estadual Gil Diniz (PL-SP) cobrou neste sábado, 6, durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC Brasil), realizada em Balneário Camboriú (SC) que governadores aliados do bolsonarismo usem seu peso político para reverter a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e para anistiar os presos pelo 8 de Janeiro em vez de se colocarem como potenciais sucessores do ex-presidente na eleição de 2026.

Nos últimos meses, o governador Ronaldo Caiado (União) manifestou abertamente a vontade de se candidatar a presidente do País na próxima eleição, desde que Bolsonaro não esteja apto a concorrer. Outro que disse que pode ser candidato é o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). O principal nome cogitado para suceder o ex-presidente, contudo, é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas ele tem afirmado que seu plano é disputar a reeleição.

Deputado estadual Gil Diniz defendeu a revogação da inelegibilidade de Jair Bolsonaro Foto: Agência Alesp/ José Antonio Teixeira

PUBLICIDADE

“Ultimamente tem alguns governadores, figuras de expressão nacional, já lançando seus nomes à Presidência da República, mas o nosso pré-candidato à Presidência em 2026 se chama Jair Messias Bolsonaro”, discursou Gil Diniz, que foi assessor de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) antes de se eleger deputado.

“[Quero] Dizer a estes que usem sua força política para nos ajudar na anistia dos presos políticos. [...] Estes que não usam a sua força política para que o presidente fique elegível para 2026, muita calma, vai devagar com andor”, continuou. O parlamentar também citou que é uma “vergonha” que os aliados bolsonaristas façam campanha enquanto o assessor de Bolsonaro, Filipe Martins, está preso.

A defesa dele sustenta que a prisão preventiva é ilegal porque ele não teria viajado com o ex-presidente para os EUA no final de dezembro de 2022, como consta da decisão judicial do ministro Supremo Tribunal Federal, (STF), Alexandre de Moraes.

Publicidade

O deputado estadual Lucas Bove (PL-SP) reforçou o argumento de Diniz e pediu para o público presente para tomar cuidado com candidatos que se apresentam como bolsonaristas nessas eleições municipais.

“Tem muito pré-candidato a vereador e a prefeito em São Paulo que é tucano, ou até pior, tem até gente que tinha camiseta do PCdoB e agora está vestindo verde e amarelo se lançando como candidato bolsonarista. Então, vamos prestar atenção em 2024″, declarou, sem citar nomes.

Ex-comunista, Aldo Rebelo (MDB) foi filiado ao PCdoB por 40 anos, mas deixou o partido e mantém boa relação com bolsonaristas a ponto de ter sido cotado para ser vice do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Ele, no entanto, não deixou o cargo de secretário da Prefeitura de São Paulo a tempo e não poderá disputar a eleição.

Bolsonaro está inelegível até 2030 por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em razão da reunião em que atacou as urnas eletrônicas diante de diplomatas em 2022. Aliados mantêm esperança que a condenação seja revertida no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) antes da próxima eleição presidencial, em cenário semelhante ao que ocorreu com o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na abertura do evento, o ex-presidente foi recebido aos gritos de “volta, Bolsonaro” e seu filho, Eduardo, disse que o bolsonarismo voltará ao poder na próxima eleição. Bolsonaro ignorou seu indiciamento pela Polícia Federal.

Publicidade

Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal na quinta-feira, 4, pelos supostos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro no caso das joias sauditas revelado pelo Estadão. A PF apontou indícios de que o ex-presidente e 11 aliados, também indiciados, ‘atuaram para desviar presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente para posteriormente serem vendidos no exterior’.

PUBLICIDADE

A principal atração da CPAC Brasil em Santa Catarina será a presença do presidente da Argentina, Javier Milei. Ele chega à Balneário Camboriú às 22h deste sábado e a previsão é que jante com Bolsonaro, os governadores Jorginho Mello (PL-SC) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) além de deputados bolsonaristas e empresários locais.

O argentino não se encontrará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que é considerado uma quebra de protocolo diplomático. Na semana passada, o petista disse que o presidente da Argentina deveria pedir desculpas pelas “bobagens” que falou sobre ele e o Brasil. Milei, contudo, voltou a repetir que Lula é “comunista” e “corrupto”.

Na sexta-feira, o porta-voz do governo argentino, Manuel Adorni, que também participará do evento, disse que Milei não se encontrará com Lula porque as agendas em Santa Catarina são “prioritárias” para ele. O líder do país vizinho cancelou a participação na Cúpula do Mercosul, que será realizada na segunda-feira, 8, no Paraguai.

A previsão é de que Milei realize a palestra de encerramento do evento no domingo. Ele deve ficar no mesmo hotel em que Bolsonaro e aliados estão hospedados, na Avenida Atlântica. Bandeiras do Brasil e da Argentina foram penduradas no hall de entrada.

Publicidade

A CPAC foi criada em 1974 nos EUA e sua versão brasileira é realizada desde 2019. Os organizadores no País são o Instituto Conservador Liberal, presidido pelo advogado Sérgio Santana, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro. O objetivo do evento é dar destaque para líderes conservadores e de extrema-direita de países da América do Sul, A estratégia também envolve políticos dos Estados Unidos e de países europeus onde extremistas de direita ascenderam ao poder nos últimos anos, como Polônia, Hungria e Holanda.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.