Deputados do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, apresentaram na Câmara um requerimento de convocação do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, para que ele esclareça o uso de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e de recursos públicos para o pagamento de diárias de hotel entre os dias 26 a 30 de janeiro. O caso foi revelado pelo Estadão.
Juscelino alegou compromisso “urgente” à FAB para pedir um avião oficial e passou quatro dias em São Paulo. Neste período, gastou apenas 2h30 em compromissos oficiais. No resto do tempo, esteve em leilões de cavalos. O ministro reinaugurou uma praça em Boituva (SP), em homenagem a um cavalo de seu sócio e, ao discursar, se apresentou como “integrante da equipe do presidente da República”.
O requerimento de convocação de Juscelino foi protocolado pelos deputados Carlos Jordy (PL-RJ) e Coronel Chrisóstomo (PL-RO). “Essas atividades não têm qualquer relação com o objetivo do Ministério das Comunicações, cujos eventos passam à margem das atividades próprias da pasta”, argumentaram os parlamentares no texto, ao pedir que o ministro se explique pessoalmente “a uma gama de representantes do povo”.
“O ministro das Comunicações tem muita coisa para explicar. É inadmissível que tenhamos um chefe de uma pasta tão importante envolvido em tantos escândalos”, disse Jordy. “O caso é grave e por isso o ministro deve comparecer à Câmara para prestar esclarecimentos.”
Interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva disseram que ele aguarda explicações do titular das Comunicações. O Estadão também mostrou que, quando exercia mandato de deputado federal, Juscelino enviou R$ 5 milhões do orçamento secreto para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente a oito fazendas dele e de sua família na cidade de Vitorino Freire (MA). A situação provoca constrangimento no Palácio do Planalto, mas a ordem de Lula é para que os ministros não comentem o assunto em público. A orientação é a mesma no União Brasil, partido de Juscelino.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.