Deputados pedem que Tarcísio e Nunes punam Vai-Vai com bloqueio de recursos públicos

Políticos ligados à Polícia Militar reclamam de desfile da escola de samba e querem que governo de SP e prefeitura deixem de repassar dinheiro para a agremiação no próximo ano

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Por Redação
Atualização:

BRASÍLIA - O deputado federal Capitão Augusto (PL-SP) e a deputada estadual Dani Alonso, do mesmo partido, enviaram ofícios ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e ao prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, cobrando que os dois adotem medidas para punir a escola de samba Vai-Vai por conta do desfile do último sábado, 10. Os parlamentares querem que a agremiação seja impedida de receber recursos públicos tanto da prefeitura como do Estado no próximo ano.

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Parlamentares da direita, sobretudo ligados à pauta da segurança pública, consideram que o desfile da escola teria “demonizado” a PM ao retratar policiais como demônios em uma das alas. O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) também reclamou do desfile, dizendo que a escola “tratou com escárnio a figura de agentes da lei”. Procurada, a escola informou que ala homenageia o álbum “Sobrevivendo no Inferno” e ao grupo Racionais Mcs, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação (veja abaixo).

“Proponho que a escola de samba Vai-Vai seja proibida de receber qualquer forma de recurso público no próximo ano fiscal, como forma de sanção pela conduta irresponsável e ofensiva demonstrada. Tal medida não apenas servirá de punição apropriada, mas também como um claro sinal de que ofensas contra as instituições e profissionais de segurança não serão toleradas em nosso estado”, diz ofício de Capitão Augusto e Dani Alonso para Tarcísio de Freitas. O mesmo pedido foi enviado a Nunes.

Desfile da Vai-Vai no sábado de carnaval em São Paulo Foto: Andre Penner / AP

No início da tarde, o prefeito de São Paulo informou ao Estadão que não recebeu o ofício, mas que irá analisar o pedido feito pelos parlamentares.

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A escola foi a primeira a desfilar nesse sábado, 10, no sambódromo do Anhembi, em São Paulo. A agremiação levou o enredo “Capítulo 4, versículo 3 - Da Rua e do Povo, o Hip Hop: Um Manifesto Paulistano”. Uma das alas era composta por pessoas fantasiadas de policiais do batalhão de choque. Eles usavam chifres e asas vermelho-alaranjadas, fazendo alusão a demônios. A associação com a PM já havia provocado protestos entre policiais e políticos.

“A que ponto chegamos?”, questionou o deputado Alberto Fraga (PL-DF), presidente da bancada da bala e 1º vice-presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara. O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) reclamou do desfile, dizendo que a escola “tratou com escárnio a figura de agentes da lei”.

Em nota divulgada na segunda-feira, 12, a escola de samba diz que levou para a avenida o enredo Capitulo 4, Versículo 3 – Da rua e do povo, o Hip Hop – Um manifesto paulistano. “Como o próprio nome diz, tratou-se de um manifesto, uma crítica ao que se entende por cultura na cidade de São Paulo, que exclui manifestações culturais como o hip hop e seus quatro elementos – breaking, graffiti, MCs e DJs. Além disso, o desfile buscou homenagear e dar vez e voz aos muitos artistas excluídos que nunca tiveram seu talento e sua trajetória notadamente reconhecidos”, diz a nota da escola. “Além disso, é de conhecimento público que os precursores do movimento hip hop no Brasil eram marginalizados e tratados como vagabundo, sofrendo repressão e, sendo presos, muitas vezes, apenas por dançarem e adotarem um estilo de vestimenta considerado inadequado pra época. Ou seja, o que a escola fez, na avenida, foi inserir o álbum e os acontecimentos históricos no contexto que eles ocorreram, no enredo do desfile”.

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