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Deputados querem que Lula considere Nicolás Maduro ‘persona non grata’ no Brasil; entenda

Requerimento assinado por 32 deputados, maioria do PL, foi protocolado na Câmara; parlamentares argumentam que reeleição do ditador ‘desafia a lógica e a estatística’

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Foto do author Karina Ferreira

Deputados de oposição ao governo protocolaram um requerimento nesta sexta-feira, 2, para pedir que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) considere o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, como “persona non grata” no Brasil. Segundo os congressistas, a medida reforçaria o compromisso brasileiro “acima de interesses ideológicos e partidários, com a liberdade e pela democracia liberal”.

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Ser uma “persona non grata”, expressão que vem do latim, significa ser indesejada ou não ser bem-vinda em algum lugar. Na diplomacia internacional, o instrumento jurídico é uma prerrogativa que os países têm para considerar que um chefe de Estado ou um representante oficial estrangeiro não é mais reconhecido como tal por aquele país, fazendo com que perca status diplomático e privilégios dessa condição.

A solicitação foi assinada por 32 deputados, sendo 24 do PL, três do União Brasil, e um representante do PSD, um do PP, um do Novo, um do Republicanos e um do PRD. A proposição é uma “indicação”, um instrumento pelo qual os parlamentares podem sugerir a outro Poder a adoção de providências, por exemplo. O trâmite desse tipo de processo é o despacho do presidente da Casa e a publicação do requerimento no Diário Oficial da Câmara.

Encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em 2023. Foto: Wilton Junior/Estadão

Os deputados aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmam que a eleição presidencial na Venezuela foi fraudulenta e que a reeleição de Maduro “desafia a lógica e a estatística”. No documento, os parlamentares também argumentam que o Brasil deve adotar uma posição firme “em defesa dos direitos democráticos e dos direitos fundamentais”.

“Os resultados divulgados, com percentuais matematicamente precisos, sugerem uma manipulação grotesca. Em um golpe contra a democracia, os votos parecem ter sido ajustados para encaixar em percentuais previamente decididos. Esse teatro de manipulação é uma afronta ao povo venezuelano e à comunidade internacional, que merecem transparência e verdade no processo eleitoral”, diz trecho da solicitação.

A eleição de Maduro não é reconhecida por diversos países, pelo Centro Carter, observador internacional do processo eleitoral, e pela Organização dos Estados Americanos (OEA), que denunciou uma “manipulação aberrante”.

Uma semana após a alegada reeleição, o governo brasileiro não reconheceu nem refutou, o resultado eleitoral. O Planalto pediu que as atas que comprovariam a vitória de Maduro sejam apresentadas pelo regime chavista, embora não tenha definido até quando vai esperar por respostas. Sete países da União Europeia fizeram o mesmo neste sábado, 3, pedindo que as autoridades venezuelanas “publiquem rapidamente todos os registros”.

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Apesar da posição oficial do governo, Lula disse nesta semana que “não tem nada de grave, nada de anormal” na disputa. O presidente também afirmou na ocasião que todos têm a obrigação de reconhecer o resultado das eleições quando as atas forem apresentadas.

Desde o anúncio do resultado eleitoral, o país vizinho vive escalada da tensão com protestos internos. Organizações independentes venezuelanas afirmam que os protestos são repreendidos pelas forças de segurança com prisões e mortes. Maduro disse que cerca de 2 mil pessoas já foram detidas e serão mantidas em duas prisões de segurança máxima.

Embaixadores venezuelanos ‘non gratos’

O status de “persona non grata” é usado de forma objetiva para punir representantes de Estado e diplomatas que cometeram infrações, por exemplo, mas também serve para mostrar simbolicamente o descontentamento com ações ou declarações. Em fevereiro, Lula foi considerado “persona non grata” em Israel, após o episódio em que comparou a ofensiva israelense na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus feito pela Alemanha Nazista de Adolf Hitler, entre 1933 e 1945.

Outros países já declararam representantes de Maduro com o status anteriormente. Em 2018, a Espanha anunciou que o embaixador venezuelano no país, Mario Isea, não era bem-vindo. A medida foi tomada em reciprocidade ao anúncio similar feito pelo governo chavista com o embaixador espanhol em Caracas, Jesús Silva Fernández.

Em 2021, União Europeia (UE) fez o mesmo com a representante da Venezuela no bloco, Claudia Salerno, em resposta à decisão de Caracas de expulsar a embaixadora europeia, Isabel Brilhante.

Durante o governo de Michel Temer (MDB), o país vizinho ordenou a expulsão do embaixador do Brasil em Caracas, Ruy Pereira, ao declarar o diplomata “persona non grata”.

Veja lista com deputados que assinaram a solicitação

  1. Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP)
  2. Marcos Pollon (PL-MS)
  3. Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP)
  4. Sanderson (PL-RS)
  5. Eduardo Bolsonaro (PL-SP)
  6. Gilvan da Federal (PL-ES)
  7. Sargento Fahur (PSD-PR)
  8. Evair Vieira de Melo (PP-ES)
  9. Capitão Alden (PL-BA)
  10. Bibo Nunes (PL-RS)
  11. Zé Trovão (PL-SC)
  12. Julia Zanatta (PL-SC)
  13. Delegado Ramagem (PL-RJ)
  14. Sargento Gonçalves (PL-RN)
  15. Coronel Assis (UNIÃO-MT)
  16. Delegado Caveira (PL-PA)
  17. Coronel Fernanda (PL-MT)
  18. Adriana Ventura (NOVO-SP)
  19. General Girão (PL-RN)
  20. Messias Donato (REPUBLIC-ES)
  21. Bia Kicis (PL-DF)
  22. Nikolas Ferreira (PL-MG)
  23. Alfredo Gaspar (UNIÃO-AL)
  24. Dr. Frederico (PRD-MG)
  25. André Fernandes (PL-CE)
  26. Coronel Ulysses (UNIÃO-AC)
  27. Caroline de Toni (PL-SC)
  28. Dr. Jaziel (PL-CE)
  29. Rodolfo Nogueira (PL-MS)
  30. Coronel Chrisóstomo (PL-RO)
  31. Zucco (PL-RS)
  32. Capitão Alberto Neto (PL-AM)

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