Desde que assumiu o mandato, em abril de 2018, Bruno Covas tinha dois desafios imediatos. O primeiro era não ser visto simplesmente como continuidade do governo João Doria (PSDB), eleito prefeito em 2016 e governador em 2018. Tal preocupação ele já sinalizava quando afirmou à imprensa que seria um prefeito “mais social-democrata” do que Doria, que teria “uma posição mais liberal”. Uma das rupturas com seu antecessor ocorreu quando Covas descontinuou “parcerias” com empresas que por meio de doações criavam a ilusão de suprirem lacunas de políticas públicas que na realidade eram decorrentes de falhas do próprio governo.
Bruno Covas é mais reconhecido por sua postura no enfrentamento à covid-19 do que por qualquer tipo de política pública conduzida por seu governo. Foi com essa imagem de enfrentamento à pandemia, associada a coragem de enfrentar seus problemas de saúde, que foi reeleito e se transformou num dos principais líderes políticos do PSDB, afastando a fantasma de Doria enquanto seu padrinho político.
O segundo desafio: criar uma marca do governo. Problemas não faltam: enfrentar a pandemia continua sendo o principal, mas dar dignidade à população de rua com uma política pública de inclusão também é indispensável, como também é importante preparar a cidade para o período pós-pandemia que vai exigir esforços em todas as áreas de políticas públicas: da saúde à educação, do saneamento ao desenvolvimento econômico, mas sobretudo em capacidade de gestão.
*É PROFESSOR E COORDENADOR DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA FGV-EAESP
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