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Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião | Desde a estreia em Davos, Bolsonaro coleciona fiascos internacionais. E tem mais!

É estridente o contraste com o ex-presidente Lula, recebido com honras na Europa, e o chefe do Executivo só piora as coisas

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Foto do author Eliane Cantanhêde
Atualização:

Os norte-americanos não são a polícia do mundo e nem tudo o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil, mas os sinais enviados de Washington devem ser levados a sério, até porque não são isolados, têm eco em países desenvolvidos e democráticos. O presidente Jair Bolsonaro está isolando, ou isolou, o Brasil no mundo.

Depois de a Reuters divulgar o recado do chefe da CIA, William Burns, para Bolsonaro parar de desmoralizar o processo eleitoral brasileiro, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, e a subsecretária de Estado, Victoria Nuland, manifestaram confiança no Brasil e defenderam voto livre e democrático. Não foi por acaso.

Desde a estreia internacional, em Davos, em janeiro de 2019, Bolsonaro acumula fiascos Foto: Adriano Machado/Reuters

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Também Alemanha, França, Bélgica, Noruega e Argentina, entre outros, veem com apreensão a escalada de Bolsonaro e sua tropa, militar e civil, contra STF, TSE e urna eletrônica, além dos erros na pandemia e os retrocessos em costumes, Amazônia e tudo o mais. Só não vê quem não quer. Ou aprova.

Desde a estreia internacional, em Davos, em janeiro de 2019, Bolsonaro acumula fiascos. Nem sequer ocupou todo o tempo disponível para vender o País. Depois, esnobou a COP-26 e passou vergonha no G-20, ao ignorar o novo líder da Alemanha e falar abobrinhas com o da Turquia. Sem vacina, comeu pizza em pé na rua, na abertura da ONU.

Bolsonaro chocou paraguaios e chilenos com loas a ditadores, deixou rolar desaforos de filhos e ministros contra a China e foi de uma deselegância atroz com a primeira-dama da França e a ex-presidente do Chile, alta-comissária da ONU para Direitos Humanos. E a foto cortando o cabelo ao cancelar agenda com o chanceler francês?

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É estridente o contraste com o ex-presidente Lula, recebido com honras na Europa, e Bolsonaro só piora as coisas. Último líder do G-20 a cumprimentar Joe Biden, ele conseguiu algo inédito, ou inusual: os presidentes de EUA e Brasil nunca conversaram, em um ano e meio de Biden.

Bolsonaro foi descartado de novo pelo G7 (maiores economias), mas haverá mais um Fórum de Davos e a Cúpula das Américas em Los Angeles, uma chance para, enfim, um encontro bilateral com Biden. A única presença provável, porém, será na reunião virtual dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Depois de Bolsonaro levar a Moscou a cúpula militar e falar em “solidariedade” à Rússia, “neutralidade” no massacre da Ucrânia e “parceria” com Vladimir Putin, diplomatas estão de cabelo em pé. Não diplomatas também. O que é pior? Ele não ir e aprofundar o isolamento do Brasil, quando se redesenha uma nova ordem mundial? Ou ir, falar bobagem e deixar todo mundo, literalmente, perplexo?

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

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