BRASÍLIA - Dezenas de advogados de golpistas que participaram dos atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes no ultimo domingo, 8, estão na Academia da Polícia Federal, na região de Sobradinho, periferia da capital federal. O Estadão conseguiu entrar na sala onde eles foram concentrados para receberem as primeiras informações da PF.
Cerca de 1,5 mil pessoas estão detidas no local e foram deslocadas por meio de transporte público. Como o contingente de detidos é fora do padrão: a PF teve que improvisar, uma vez que as instalações da Superintendência, para onde geralmente são levados os presos, não tinha como receber o grupo que estava acampado no Quartel General do Exército.
Os advogados conversam em si sobre seus clientes, ainda sem terem detalhes sobre os desdobramentos do que será feito. Com celulares nas mãos, alguns exibem trechos de vídeos das manifestações para os outros colegas, trocando informações sobre as cenas dos crimes.
Agentes da PF informaram aos advogados que farão uma “linha de produção”, com a triagem dos advogados. Os defensores que têm clientes com crianças tiveram prioridade de atendimento. Até o momento, não há informações sobre se haverá pedidos de prisão preventiva. Os advogados são orientados pela agente policial a terem uma “conversa rápida” com os delegados, “senão não sairemos daqui hoje”.
No corredor da PF, advogados dão as primeiras orientações aos golpistas, que carregam sacolas e mochilas nas mãos e esperam informações. “Vocês precisam entender. Somos cerca de 50 advogados aqui. Dá cerca de 26 pessoas para cada advogado”, diz um advogado.
Na manhã desta segunda-feira, 9, a PF efetuou a detenção de cerca de 1.200 pessoas no QG. Na noite do domingo, outras 300 tinha sido detidas, segundo o ministro da Justiça, Flávio Dino. O grupo de radicais estava acampado na frente do Comando do Exército. Foi de lá que eles saíram em marcha para a Esplanada dos Ministérios. Como mostrou o Estadão, ao chegarem à frente do Congresso, não encontraram maiores resistências dos poucos PMs que guardavam o local.
Um grupo de policiais foi comprar água de coco enquanto os extremistas passavam. O ato terminou em invasão, ocupação e depredação do Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal.
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