Dia Mundial sem Tabaco é amanhã

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Por Agencia Estado
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A cada hora, dez pessoas no Brasil morrem por doenças provocadas pelo cigarro. A lista de problemas é extensa: 30% de todos os tipos de câncer, distúrbios cardiovasculares, pulmonares, digestivos. Para quem ainda não se convenceu dos riscos relacionados ao fumo, será difícil não pensar mais uma vez no assunto nesta quinta-feira, quando se comemora o Dia Mundial sem Tabaco. Para lembrar a data, uma série de eventos será organizada tanto pela sociedade civil quanto pelos órgãos governamentais. O Ministério da Saúde, por exemplo, deve anunciar nesta quinta-feira a criação do Disque Pare de Fumar, um serviço 0800 com informações sobre como abandonar o vício. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) abre ambulatório para tratar dos dependentes de cigarro. Palestras serão feitas em escolas, empresas, além de atividades nas ruas. Essas iniciativas são indispensáveis. Entre fumantes, há ainda uma parcela significativa que se imagina a salvo dos problemas de saúde. Uma pesquisa feita pela Universidade de Harvard mostrou que apenas 29% dos fumantes acreditam ter um risco de enfarte maior do que a média e somente 40% imaginam que podem desenvolver algum tipo de câncer. "Temos de agir em todos os grupos: fumantes, para que eles deixem o vício, e também entre a população jovem, com trabalhos preventivos", afirma o diretor clínico do Hospital A.C. Camargo, Daniel Deheinzelin. O cirurgião Orlando Parise Júnior, que coordena um programa de tratamento no Hospital Sírio Libanês, concorda: "Mesmo com a restrição na propaganda, os adolescentes estão começando a fumar." O tema deste ano do Dia Mundial sem Tabaco é o fumo passivo. A exposição à fumaça do cigarro traz uma série de problemas para não-fumantes, principalmente entre as crianças. "Filhos de fumantes têm uma incidência maior de problemas pulmonares", afirma o coordenador do centro de tratamento para dependência do Hospital das Clínicas, Ubiratan de Paula dos Santos. Ex-fumante há cinco anos, Santos diz que se livrar da dependência não é fácil, mas traz recompensas a curto prazo. "Abandonei o cigarro sozinho, não era um fumante considerado grave." No entanto, ele lembra que atualmente há uma série de recursos para ajudar quem quer lutar contra a dependência. "Antidepressivos, reposição de nicotina e terapia ajudam de forma significativa os pacientes", garante Maria Tereza Cruz Lourenço, do Hospital do Câncer. "Mesmo para quem tem recaídas aconselhamos não desanimar", diz. O psiquiatra Montezuma Pimenta Ferreira, do Hospital das Clínicas de São Paulo, afirma que, na última revisão de pesquisas sobre o fumo, percebeu-se que algumas medidas têm eficácia maior: remédio, motivação do paciente, ajuda de profissionais de saúde e de amigos. O médico garante que, passadas as quatro semanas iniciais, o ex-fumante já começa a observar os benefícios. "Sempre digo que a estabilidade emocional desses pacientes melhora muito depois de deixar o cigarro. Eles passam a enfrentar melhor os problemas", garante Montezuma.

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