A presidente Dilma Rousseff disse que é dever do Brasil "não compactuar com nenhuma forma de violação aos direitos humanos em qualquer País, aí incluído o nosso", durante discurso aos cerca de 200 participantes da cerimônia do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, nesta quinta-feira, 27, na sede do Ministério Público Estadual do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.
A manifestação foi muito aplaudida pela plateia, que pouco antes tinha visto o presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Claudio Lottenberg, mostrar-se entusiasmado com os primeiros movimentos de Dilma ao afirmar que a presidente "foi clara a respeito dos direitos humanos referindo-se inclusive ao que acontece no Irã". Em sua saudação, Lottenberg também lembrou à presidente que ela, melhor que todos os que estavam presentes, "sabe o que significa ser torturada e ter seus direitos de expressão subtraídos".
Em outros dois trechos do discurso, em momentos diferentes, Dilma reafirmou a busca da paz, "inclusive no Oriente Médio", como posição histórica do Brasil e fez menção às nações que buscam ter seus territórios, numa possível alusão aos palestinos. "Rendemos homenagem à resistência cultural judaica que pavimentou o caminho para uma pátria física, direito que não pode ser negado a nenhum povo", destacou, também sob aplausos.
Dilma destacou que o nazismo foi o início de uma época de violência industrial, de tortura científica, que seria usada em situações posteriores em guerras de extermínio e em ditaduras. "Lembrar Auschwitz, lembrar Birkenau (campos de concentração no sul da Polônia) é lembrar as vítimas de todas as guerras injustas, de todas as ditaduras que pelo mundo afora exterminaram, torturaram e tentaram calar milhões de seres humanos", comparou.
No mesmo tom de toda a cerimônia, Dilma também fez algumas menções ao uso da memória para evitar que novas tentativas de intolerância cresçam no futuro. "É nosso dever lembrar que o holocausto é crime contra os direitos humanos e contra a humanidade", reiterou, numa referência explícita à perseguição de judeus e minorias na Segunda Guerra Mundial.
Em outro momento, a presidente fez referências ao País. "No Brasil o dever da memória é algo indissociável do dever de festejar a vida, porque nós somos um povo que encara como sendo um momento muito especial da vida entender, compreender e sobretudo saber que é importante, para evitar que se repita, lembrar sempre, afirmar sempre, que nós rejeitamos a barbárie".
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