Em meio a uma troca de amabilidades com o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), a presidente Dilma Rousseff disparou nesta terça uma série de petardos contra os críticos do governo federal. A presidente evitou citar nominalmente qualquer adversário, mas atacou governos anteriores à gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando, segundo Dilma, o País viveu "num processo de crise de dívida, de inflação, de recessão, de desequilíbrio e de desemprego".Ela confirmou que o Executivo federal pretende manter a linha de atuação iniciada com Lula, inclusive com subsídios como os que são fornecidos pelo governo para aquisição de imóveis por meio do programa Minha Casa, Minha Vida. "O endividamento das famílias do Brasil, principalmente nas classes de menor renda, não suporta preços de mercado puro e simples. Então, aos preços de mercado, se acrescenta subsídio direto do governo. O governo subsidia, sim. Se isso, em um certo momento do passado, foi visto como algo incorreto, eu quero ver hoje quem defenda que é incorreto", desafiou.Também sem fazer referências diretas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Dilma declarou que o País era afetado por crises econômicas e outros problemas devido à política econômica do governo, que deixava reduzida a parcela reduzida da população que podia consumir. Segundo a presidente, com a mudança na gestão federal, o Brasil passou a ter condições de enfrentar esse tipo de questão com "os próprios recursos". "São os recursos que nós construímos ao ampliar o mercado interno, que era, vamos lembrar bem, extremamente restrito", alfinetou. "A partir do governo do presidente Lula, nós conseguimos ampliar o mercado interno. E transformamos em consumidores, em produtores, em trabalhadores, 40 milhões de brasileiros", acrescentou Dilma em evento no Palácio da Liberdade, sede simbólica do governo de Minas, comandado por tucanos desde 2003.Para reduzir o constrangimento, porém, a presidente fez rasgados elogios a Antonio Anastasia, a quem chamou de "parceiro" e "um grande político brasileiro". "Eu acredito nessa parceria. O Anastasia é de um partido, eu sou de outro. Nós não temos o mesmo posicionamento diante da realidade política, mas temos o mesmo posicionamento republicano. E tenho certeza que ele é um dos parceiros estratégicos para o Brasil ter pernas próprias para enfrentar essa crise", afirmou.
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