BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff reuniu neste sábado, 19, no Palácio da Alvorada, ministros para discutir o redesenho dos ministérios que deve ser anunciado até quarta-feira, 23. Estavam entre os presentes os ministros Nelson Barbosa (Planejamento), Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Valdir Simão (CGU). A presidente espera, com a reforma administrativa, reduzir gastos de custeio da máquina federal e, ao mesmo tempo, sinalizar a mudança de postura do governo.
O governo já tem um ponto de partida para as mudanças, que tem sido alterado a cada reunião em razão de discussões políticas. A avaliação é de que a reforma não pode ser mais um elemento desestabilizador da base, em um momento político sensível com constantes debates sobre impeachment. A presidente tem nova reunião com o grupo nesse domingo, 20, e espera definir o corte de dez ministérios até segunda-feira, 21, para então iniciar rodadas de conversas com toda a base aliada – não apenas com os partidos diretamente afetados pela redução.
O assunto tem ocupado a agenda da presidente ao longo da última semana. Ontem, o mesmo grupo se reuniu até à noite para realizar o levantamento da estrutura de todos os ministérios. Ao todo são 38 pastas. O Palácio do Planalto determinou um estudo sobre a estrutura física, funcionários e o papel de cada secretário, além dos programas prioritários de cada pasta que podem ser realocados para outras no caso de fusão de ministérios.
A redução de ministérios é ensaiada pelo governo há quase um mês. O ministro do Planejamento anunciou o corte no dia 24 de agosto, em coletiva no próprio Palácio do Planalto. Na ocasião, a ideia surgiu como uma agenda positiva para minimizar o impacto da saída do vice-presidente Michel Temer (PMDB) da articulação política. Temer passa o final de semana em São Paulo e não participa da reunião deste sábado.
As mudanças podem envolver, inclusive, ministros presentes nas reuniões sobre o tema. Embora a presidente já tenha sinalizado que Mercadante permanece no governo, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), já foi cotada para ficar à frente da Casa Civil. A troca seria um gesto de reaproximação com o PMDB, após a saída de Teme da articulação, e de agrado a parte do próprio PT crítica à gestão de Mercadante. Uma alteração tida como certa no último desenho da reforma ministerial é a ida de Berzoini para a articulação política, função vaga há quase um mês e já ocupada pelo ministro no primeiro mandato da presidente Dilma.
O Planalto se apressa para que o anúncio seja feito antes de um provável novo rebaixamento da nota de crédito do Brasil, desta vez pela agência Fitch. O aviso de que a reforma administrativa seria feita não evitou, no entanto, que a Standard & Poor’s (S&P) tirasse o selo de bom pagador do País, há duas semanas. Um rebaixamento pela Fitch, que mantém o Brasil ainda dois degraus acima do grau de investimento, seria o último estágio antes da perda do selo também por esta agência. A Moody’s mantém o Brasil no último degrau para manutenção do grau de investimento. O Planalto avalia que pode haver uma fuga de capitais caso a decisão da S&P seja seguida por qualquer uma das outras duas agências.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.