Dino diz esperar que polícia não precise atuar em atos bolsonaristas: ‘tomada de poder’ só em 2026

Governo promete ações duras contra manifestantes que defendem intervenção militar e convocaram atos para ‘tomada de poder’ em Brasília

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BRASÍLIA - Com a retomada de protestos contra o novo governo programados para este domingo em Brasília, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que espera que a polícia não precise atuar e destacou que a “tomada de poder” só poderá ocorrer em 2026, com uma nova eleição presidencial. Manifestantes que vieram a capital federal neste fim de semana pregam intervenção militar, medida que viola a Constituição.

Policiais militares fazem cordão de isolamento no gramado em frente ao Congresso neste domingo, 8. Foto: Wilton Junior / Estadão

“Queremos que a lei prevaleça e não haja crimes. Estou em Brasília, espero que não ocorram atos violentos e que a polícia não precise atuar. ‘Tomada do Poder’ pode ocorrer só em 2026, em nova eleição”, disse o ministro, em sua página oficial no Twitter. O ministro da Justiça afirmou que as ações de repressão contra abusos serão direcionadas não só a quem cometer atos de vandalismo, mas também contra quem está financiando as ações. “São grandes estruturas sendo movimentadas há vários meses, visando atos ilegais: fechamento de estradas, bloqueios de distribuidoras de combustíveis, invasão de prédios públicos, ações terroristas com armas e bombas. São grupos cada vez menores, porém cada vez mais extremistas”, afirmou, em entrevista ao UOL.

O protesto na capital foi convocado pelas redes sociais. A Esplanada dos Ministérios foi fechada para acesso de veículos. Um grupo chegou a pé até o gramado em frente ao Congresso e abriu uma faixa com o novo slogan dos extremistas: “queremos o código fonte”. As palavras de ordem fazem referência ao uso da urna eletrônica nas eleições. Sem provas, o então presidente Jair Bolsonaro e até setores das Forças Armadas levantaram dúvidas sobre o funcionamento do equipamento durante a votação de 2022. A confiabilidade das urnas foi atestada por entidades brasileiras e estrangeiras de fiscalização.

Em outra postagem, Dino fez referência ao “carnaval bolsonarista” só em 2026, voltando a defender que os descontentes tentem de novo disputar a eleição daqui a quatro anos. Apesar da mobilização de integrantes do governo e alertas de Dino sobre risco de atos violentos, não há registro de ocorrências policiais. No início da tarde deste domingo, 8, os acampados do QG do Exército iniciaram uma marcha em direção à Esplanada.

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A nova leva de manifestantes a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro reverte o movimento de desmobilização do acampamento dos extremistas na frente do QG do Exército na capital.

Diante das ameaças, o ministro da Justiça autorizou a atuação da Força Nacional em Brasília, para reforçar o trabalho da Polícia Federal (PF), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e das polícias do Distrito Federal.

Policiais militares estão revistando as bolsas de manifestantes na escada do anexo no Itamaraty que da acesso a Esplanada do ministérios. Foto: Wilton Junior / Estadão

Dino também disse que conversou no sábado, 7, com governadores, inclusive da oposição, sobre a retomada dos protestos. Houve atos em São Paulo e em Belo Horizonte (MG) nos últimos dias. Um dos interlocutores foi o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, eleito com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em São Paulo neste domingo, 8, e manteve o retorno para Brasília no fim do dia. A assessoria do presidente divulgou a agenda do petista sem alterações.

Manifestantes passando por revista da PM na Esplanada dos Ministérios Foto: Rodrigo Silviano

Pelas redes sociais, os grupos que organizam os atos em Brasília alegam que não pretendem depredar nada, mas falam em intervenção militar e enfrentamento ao governo. Uma “pauta unificada” foi distribuída em grupos para explicar o que os extremistas querem.

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“O que deve ser nosso Movimento daqui pra frente? Desobediência Civil; Qual o nosso objetivo imediato? Limpeza dos 3 Poderes; Quais os nossos objetivos finais? Impedir a implantação do Comunismo ou Socialismo no Brasil e erradicar a Corrupção; Qual a nossa exigência? Intervenção imediata das Forças Armadas; Quais as nossas ações? Ocupar a Praça e as Edificações dos Três Poderes, bloquear todas as refinarias, paralisar o transporte rodoviário, paralisar as atividades industriais, comerciais e agropecuárias, e suspender todos os pagamentos de impostos”, diz o texto.

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