BRASÍLIA - O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, disse nesta terça-feira, 27, que o governo eleito tem a expectativa de que os bolsonaristas acampados no Quartel General do Exército, em Brasília, desocupem voluntariamente a área antes da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), marcada para acontecer no próximo domingo, 1º de janeiro. No entanto, Dino afirmou que, caso isso não aconteça, haverá a retirada “compulsória” dos manifestantes do local.
“Há esse cenário que se anuncia de uma desocupação voluntária e nós acreditamos que tal ocorrerá nos próximos dias, antes portanto da posse presidencial. Esse é o cenário com o qual lidamos. Obviamente, se isso não ocorrer, se isso não ocorresse, porque creio que ocorrerá, há outras possibilidades de uma retirada compulsória”, declarou o futuro ministro.
Dino participou nesta terça de uma reunião com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e com o futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para tratar da segurança da posse presidencial. “Não serão pequenos grupos extremistas que vão emparedar a democracia brasileira. Não terão espaço, não venceram e não vencerão”, acrescentou Dino.
O grupo bolsonarista está reunido no local desde quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu a reeleição para o petista. Eles têm ecoado um discurso golpista de intervenção militar para impedir que o petista tome posse. De lá, saíram dois episódios recentes envolvendo violência em Brasília. Integrantes do acampamento promoveram um quebra-quebra na capital federal no dia 12 de dezembro e uma pessoa do grupo tentou explodir uma bomba nas imediações do aeroporto da cidade no último dia 24, véspera de Natal.
O futuro chefe da Justiça disse também que o governo eleito lançará mão de penas duras para coibir o que classificou como atos terroristas. “A Lei Antiterrorismo é muito rigorosa, inclusive contra a tentativa. As penas são bastante altas. Isso não é engraçado, não é uma coisa qualquer e não pode ser tratado assim. Estamos tratando de pessoas que ameaçam vidas, integridade física e patrimonial, e, por isso, provavelmente receberão penas muito altas. Que isso sirva de exemplo para eventuais outras pessoas”, alertou.
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O escolhido para chefiar a Defesa adotou um tom diferente e tratou os atos terroristas como exceção dentro do movimento de apoiadores do atual governo. “O movimento terrorista é isolado, é uma coisa dele (de George Washington, preso por armar a bomba), talvez de mais um, mais dois. O que tem acontecido nesses movimentos em frente ao quartel são pessoas vestidas de verde amarelo e cantando o hino nacional”, minimizou Múcio.
Apesar disso, ele criticou a tentativa de explodir a bomba perto do aeroporto e, assim como Dino, chamou o ato de terrorismo. “Esses movimentos têm sido pacíficos. Enquanto você está lidando com dois grupos que criticam e que querem discutir política, fica no campo político, mas na hora que um cidadão coloca uma bomba debaixo de um caminhão de querosene entrando no aeroporto que pode explodir um avião com 200 pessoas, nós entramos no campo do terrorismo em vez de estarmos discutindo política”, declarou.
Em relação à segurança de Lula durante a posse, Dino não descartou que o presidente deixe de desfilar na Esplanada dos Ministérios em carro aberto, mas declarou que isso ainda não está decidido e só será feita uma escolha no dia 1º de janeiro.
“Os dois cenários estarão disponíveis no dia. Até por fatores climáticos, como as senhoras e os senhores testemunham todos os dias, tem chovido em Brasília, então há outros fatores além da segurança de modo que o presidente da República terá à sua disposição duas alternativas”, afirmou. “Essa decisão vai ser tomada no momento, se ele vai embarcar no carro aberto, carro fechado, essa é uma decisão tomada no dia 1º de janeiro. O planejamento dinâmico envolve várias rotas, várias opções, todas elas estarão disponíveis”, completou.
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