PUBLICIDADE

Diplomação no TSE: Lula exalta frente ampla em discurso de diplomação e projeta gestão além do PT

Presidente eleito e Alckmin participam de cerimônia sob comando de Moraes; petista destaca papel de aliados na eleição e na governabilidade, além de defender democraci

PUBLICIDADE

Foto do author Daniel  Weterman
Foto do author Weslley Galzo
Foto do author Felipe Frazão
Atualização:

BRASÍLIA – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira, 12, ao ser diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que sua vitória não pode ser atribuída apenas a um partido, mas, sim, a uma frente ampla em defesa da democracia. Lula e o futuro vice-presidente Geraldo Alckmin receberam o diploma das mãos do presidente da Corte, Alexandre de Moraes, em uma cerimônia que reuniu deputados, senadores, governadores, integrantes do gabinete de transição e magistrados.

PUBLICIDADE

Em seu pronunciamento, Lula destacou o papel dos partidos que o apoiaram na disputa contra o presidente Jair Bolsonaro, indicando que fará uma gestão além do PT para ter governabilidade.

A cerimônia de diplomação é o último ato antes da posse, marcada para 1.º de janeiro de 2023. Neste ano, ganhou mais importância porque, além de atestar a eleição de Lula e Alckmin por meio das urnas eletrônicas – sistema que foi alvo de críticas por parte de Bolsonaro e apoiadores –, teve significado de contraponto a atos com mensagens antidemocráticas.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumprimenta o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, após ser diplomado no TSE Foto: Wilton Junior/Estadão

Diante de uma plateia que tinha na primeira fileira a presidente cassada Dilma Rousseff e o ex-presidente José Sarney, Lula citou 21 vezes a palavra democracia. Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ficaram ao lado do petista.

“O resultado destas eleições não foi apenas a vitória de um candidato ou de um partido. Tive o privilégio de ser apoiado por uma frente de 12 partidos no primeiro turno, aos quais se somaram mais dois partidos na segunda etapa”, afirmou Lula. “Uma verdadeira frente ampla contra o autoritarismo, que hoje, na transição de governo, se amplia para outras legendas, e fortalece o protagonismo de trabalhadores, empresários, artistas, intelectuais, cientistas e lideranças dos mais diversos e combativos movimentos populares deste país.”

Na campanha, Lula construiu uma aliança com PT, PSB, PCdoB, PV, PSOL, Rede, Solidariedade, Avante, Agir, PROS, PDT e Cidadania. Após a eleição, conta com promessas de apoio de MDB, PSD e União Brasil. O presidente eleito planeja voltar a fazer anúncios de ministros nesta semana. Hoje ele terá reunião com grupos temáticos, no gabinete de transição. Os relatórios finais das equipes já foram concluídos e repassados a Lula.

A expectativa de interlocutores do petista é de que a lista de ministros traga as primeiras mulheres. Alguns nomes se consolidaram e devem ser anunciados, como Nísia Trindade (Saúde), Margareth Menezes (Cultura) e Sônia Guajajara (Povos Originários).

Publicidade

O petista disse a líderes de partidos, porém, que a partilha de ministérios entre a base aliada deve ocorrer somente depois da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, na Câmara. A proposta autoriza o novo governo a aumentar o teto de gastos em R$ 145 bilhões para pagar o Bolsa Família, além de outros R$ 23 bilhões para investimentos.

Assim como em 2002, quando foi eleito presidente pela primeira vez, Lula chorou na diplomação. Ele se emocionou ao lembrar que, depois de ser tantas vezes questionado por não ter diploma universitário, havia recebido naquele ano o diploma de presidente.

Desta vez, afirmou que o terceiro diploma não era dele próprio, mas “de uma parcela significativa do povo, que reconquistou o direito de viver em democracia nesse País”.

Prisão

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Logo que entrou no auditório, os petistas o saudaram com um “boa tarde, presidente Lula!”. Era o mesmo grito com que o cumprimentavam durante vigília na frente da Polícia Federal, em Curitiba, nos 580 dias em que ele esteve preso. Alvo da Lava Jato, que o condenou, Lula teve processos anulados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e o ex-juiz Sérgio Moro foi considerado parcial.

“Quem passou o que eu passei nos últimos anos, estar aqui agora é a certeza de que Deus existe e de que o povo brasileiro é maior do que qualquer pessoa que tentar o arbítrio neste País”, disse Lula, com a voz embargada. “Reafirmo hoje que farei todos os esforços para, juntamente com meu querido companheiro Geraldo Alckmin, cumprir o compromisso que assumi não apenas durante a campanha, mas ao longo de toda uma vida: fazer do Brasil um país mais desenvolvido e mais justo, com a garantia de dignidade e qualidade de vida para todos os brasileiros, sobretudo para as pessoas mais necessitadas.”

Lula destacou o que chamou de “coragem” dos ministros do STF e do TSE. Eles foram aplaudidos. “Enfrentaram toda sorte de ofensas, ameaças e agressões para fazer valer a soberania do voto popular”, afirmou o petista. “A história há de reconhecer a sua coerência e fidelidade à Constituição.”

Sem citar adversários, Lula fez críticas enfáticas a Bolsonaro. Disse ser preciso tirar uma lição desse período de ameaças à democracia afirmou que o presidente e seus apoiadores trabalham para “envenenar a Nação” com mentiras e calúnias.

Publicidade

Caravanas levaram faixas, tambores, bandeiras e churrasquinho para saudar a diplomação de Lula. Dezenas de militantes furaram o bloqueio de segurança. Havia bandeiras do Brasil entre as vermelhas do PT, seguindo a ordem do presidente eleito de resgatar os símbolos pátrios. Ao deixar o TSE, Lula foi festejar a diplomação na casa do advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.