Dirigente do União Brasil em Suzano está foragido de operação contra o PCC no interior de SP

Dario Reisinger Ferreira, que comandava diretório municipal do partido e tentava cavar vaga de vice-prefeito em chapa do PL, é suspeito de participar de suposto esquema de fraude a licitações com o PCC; partido não comenta e advogado não foi localizado

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Foto do author Samuel Lima
Atualização:

Um dirigente do União Brasil na cidade de Suzano está foragido desde terça-feira, 16, após ser alvo de mandado de prisão em uma operação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Dario Reisinger Ferreira é suspeito de integrar um grupo supostamente ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), que estaria promovendo fraudes em licitações em diversas cidades do Estado.

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O Estadão procurou o diretório estadual do partido nesta quinta-feira, 17, para entender o que seria feito a respeito do assunto, mas não houve retorno. Ferreira, que é dono de um escritório de advocacia em Suzano e assumiu o cargo de presidente municipal do partido antes das eleições de 2024, não foi localizado.

O advogado entrou na mira da operação ao assinar pedidos de impugnação de editais e licitações no Tribunal de Contas do Estado e por atuar em nome de empresas suspeitas de terem sido criadas em nome de “laranjas” e com a única finalidade de perder licitações, segundo o Ministério Público, dando ares de legalidade ao conluio.

Dario Reisinger Ferreira, presidente do União Brasil na cidade de Suzano (SP); dirigente é suspeito de extrapolar função de advogado ao atuar em favor de grupo ligado ao PCC que fraudava licitações com o poder público. Foto: ReisingerFerreiraAdvocacia via Facebook

A investigação como um todo partiu de uma denúncia anônima em Guarulhos, na região metropolitana da capital, relatando que disputas para prestação de serviços terceirizados de limpeza estariam sendo direcionadas a uma empresa específica em várias cidades da região. Os promotores, então, colheram indícios de que servidores públicos estariam recebendo propina para favorecer empresas em contratos com prefeituras e câmaras municipais.

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A organização criminosa ainda teria envolvimento direto do PCC com alguns integrantes e “laranjas” atuando como titulares de empresas sob suspeita. A facção criminosa ainda seria responsável por deliberar sobre a “sorte dos contratos, quando havia divergências entre as empresas”. Os contratos com indícios de fraude somam, segundo os promotores, cerca de R$ 200 milhões em, pelo menos, 12 municípios.

Segundo o relatório, Ferreira estaria “extrapolando a atuação jurídica para aderir às condutas ilícitas do grupo” e atuando “não só em processos criminais, representando os interesses pessoais de integrantes, mas também com representações em nome próprio, visando a impugnar editais licitatórios para favorecer as empresas do grupo criminoso, tudo a garantir a competição simulada e vantagem nos contratos públicos”.

O processo criminal em questão é contra Márcio Zeca, condenado por tráfico de drogas após ser flagrado transportando 200 porções de cocaína em fundo falso em um veículo Mercedes-Benz. Ele é defendido nos autos por Ferreira. Zeca também foi considerado como “integrante do PCC” em outra condenação na Justiça, mas ainda cabe recurso.

Ao autorizar o pedido de busca e apreensão nos endereços residenciais e comerciais do advogado, a juíza Priscila Devechi Ferraz Maia, da 5ª Vara Criminal de Guarulhos, afirmou que “as evidências até então colhidas trazem fortes indícios do envolvimento [...] nas atividades da associação ora investigada, em razão das mensagens obtidas com a quebra dos dados telemáticos deferida, tendo sido apontado na representação, inclusive, impugnação a edital de certame realizada em nome próprio.”

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Ferreira é um dos 15 alvos da operação que tiveram pedido de prisão autorizado pela Justiça. Destes, 13 foram cumpridos. O outro que ainda está foragido é Vagner Borges Dias, conhecido como Latrell Brito, que se declara cantor de pagode e tem mais de 1 milhão de seguidores no Instagram. Ele é suspeito de ser um dos principais operadores do esquema, com empresa em seu nome que alternava com outras nos certames.

Candidato a vice

Há cerca de um mês, Ferreira concedeu uma entrevista ao Diário de Suzano e manifestou o desejo de concorrer como vice-prefeito na chapa de Pedro Ishi (PL), nome indicado pelo atual prefeito Rodrigo Ashiuchi, do mesmo partido, para o pleito de outubro. “Eu vou estar na campanha. Não sei se vai ser como vice, segurando bandeira, distribuindo santinho ou batendo de porta em porta.”

O advogado alega no vídeo que o convite para comandar o União Brasil na cidade partiu de Renato Felix, vice-presidente conhecido como Renatinho e que é ligado à deputada estadual Solange Freitas (União Brasil), jornalista cujo reduto eleitoral é São Vicente.

“O União Brasil herda um pouco essa história (do DEM), mas é um partido novo. Tem uma nova cara, um novo jeito de fazer política, e eu tenho a honra de ser a cara do União Brasil em Suzano”, declarou Ferreira. De acordo com o relato, ele estava à frente do diretório municipal desde julho de 2023 e, sem uma sede própria, cedia espaço ao partido em seu escritório.

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Três vereadores presos

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A Operação Munditia resultou ainda na prisão de três vereadores paulistas: Flávio Batista de Souza (Podemos), conhecido como Inha, de Ferraz de Vasconcelos; Luiz Carlos Alves Dias (MDB), o Luizão Arquiteto, de Santa Isabel; e Ricardo de Oliveira (PSD), o Ricardo Queixão, de Cubatão. Apenas o MDB declarou à imprensa que expulsará o parlamentar, enquanto Podemos e PSD dizem acompanhar as investigações.

Os promotores afirmam no relatório que Inha tratou “diretamente com o dono das empresas contratadas pela Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos” sobre repartição de valores e atuou como “recebedor dos repasses escusos do grupo criminoso”. Luizão, por sua vez, manteve “intenso contato” com um dos suspeitos e “registra preocupação com outras empresas que surgem na licitação, em razão do pagamento de propinas entregues a ele”. Queixão também é suspeito de receber propinas decorrentes dos contratos firmados, “conforme dados telemáticos”.

O Estadão tenta contato com a defesa dos vereadores. O espaço está aberto para manifestações.

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