Dirigentes nacionais do PT antecipam voto por rompimento com Freixo

Petistas querem romper união com PSB e apoiar Rodrigo Neves (PDT) na disputa estadual; Alessandro Molon nega existência de acordo para apoiar petista para o Senado

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Foto do author Rayanderson Guerra

RIO — Quatro integrantes da executiva nacional do PT já se posicionaram contra a candidatura do deputado Alessandro Molon (PSB) ao Senado pelo Rio. Todos devem engrossar o movimento contra a aliança do petismo com o PSB fluminense na reunião da direção nacional da sigla marcada para esta quinta-feira, 4. A maioria da direção petista no Rio, porém, ainda defende a aliança com o PSB no Estado.

Nas articulações da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva para a disputa pela Presidência, o PT decidiu apoiar o deputado Marcelo Freixo (PSB) na disputa para o Palácio Guanabara. Em troca, os petistas esperavam indicar o candidato da chapa à cadeira no Senado. O escolhido era André Ceciliano (PT), presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Integrantes do PT fluminense e do diretório nacional do partido insistem que Molon quebrou o acordo firmado entre os dois partidos para a disputa no Estado.  Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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Mas o presidente estadual do PSB, o deputado federal Alessandro Molon, não quis abdicar de sua candidatura. Decidiu mantê-la, contrariando o PT, que pressionava por um único candidato para o cargo. Segundo o parlamentar, o acordo entre as legendas alegado pelos petistas nunca existiu. Insatisfeita, a executiva estadual do partido no Estado aprovou, por maioria, o rompimento da aliança com Freixo na noite desta terça-feira, 2. Eles acusam o PSB de descumprir o acordo estadual. Cabe ainda ao diretório nacional validar a decisão junto com os outros partidos que compõem a federação: PC do B e PV.  A executiva nacional deve tratar do assunto em reunião prevista para esta quinta-feira, 4.

Petistas acusam Molon de quebrar acordo

Integrantes do PT fluminense e do diretório nacional do partido insistem que Molon quebrou o acordo firmado entre os dois partidos para a disputa no Estado. A deputada Benedita da Silva, que representa o Rio de Janeiro na executiva, se posicionou contra a manutenção da candidatura de Molon.

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“Eu sou uma mulher de palavra”, disse ela, “Testemunhei o acordo firmado, que é defendido pelo próprio Freixo”.

Desde que o partido anunciou o rompimento com Freixo, as redes sociais da deputada têm sido inundadas com críticas ao PT e a Ceciliano pela “racha na esquerda fluminense”. Uma das críticas recorrentes é a de que Ceciliano é próximo ao governador Cláudio Castro (PL).

“André Ceciliano resistiu à pauta bolsonarista na Alerj, sempre foi do PT e não fugiu na hora da defesa firme do Lula, quando ele foi preso injustamente. Esteve ao lado do Lula quando alguns se afastavam. Nos momentos difíceis. Testemunhei o acordo e acho importante que compromissos sejam honrados”, escreveu Benedita nas redes.

O secretário nacional de comunicação do PT, Jilmar Tatto, e o ex-prefeito de Maricá e vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, defenderão na reunião desta quinta-feira que o partido desembarque da candidatura de Freixo e apoie o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT) ao governo do Rio.

Maioria dos petistas quer aliança com PSB

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O movimento, no entanto, não encontra apoio dentro do PT do Rio. A maioria dos petistas ainda defende que o partido siga na aliança com o PSB. Em abril, o partido aprovou o apoio a Freixo por 52 dos 55 votos dos dirigentes petistas.

Durante o anúncio do ex-prefeito Cesar Maia (PSDB) como vice na chapa, Freixo minimizou a dissidência do PT que apoia a candidatura de Neves. O deputado diz que tem “convicção” de que o presidente Lula estará ao seu lado na campanha ao governo do Rio.

“Nós sempre trabalhamos pela união e temos a convicção de que o presidente Lula caminhará ao nosso lado”, diz.

O ex-secretário nacional de comunicação do PT, Alberto Cantalice, membro do diretório nacional, diz que Molon “traiu” o PT e diz que o deputado está causando prejuízos à campanha de Freixo.

“É muita desfaçatez. O cara rompe um acordo com o próprio Freixo e depois diz que não fez. O rompimento do acordo por parte do Molon é a causa central desse acontecimento. O PT estava majoritariamente com Freixo. Nós sempre afirmamos que não iríamos abrir mão do acordado e que teria consequências. A vaidade exacerbada e a mesquinharia superam o interesse coletivo”, escreveu Cantalice nas redes sociais.

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‘Não participei de qualquer acordo’, diz Molon

O deputado Alessandro Molon não dá indícios de que abrirá mão de sua candidatura ao Senado. Enquanto o PT ameaça retirar o apoio a Freixo, Molon segue buscando o apoio de artistas, lideranças de esquerda e ainda é o nome mais mencionado pela militância de esquerda como o candidato ao Senado na chapa. O deputado sustenta que não houve acordo para que ele abrisse mão da disputa.

“Nossa pré-candidatura já tem o apoio de quatro partidos – PSB, PSOL, Rede e Cidadania – e aparece em primeiro lugar na última pesquisa para o Senado. Mais uma vez reafirmo: não fiz e não participei de qualquer acordo para ceder ao PT a vaga para o Senado. Temos o dever de derrotar o bolsonarismo no Rio de Janeiro. Isso é o mais importante e é em torno disso que a unidade do campo democrático deve ser construída. Não podemos repetir os erros do passado. O momento gravíssimo que o Rio de Janeiro enfrenta exige bom senso e responsabilidade”, diz em nota.