A desistência de Márcio França e o anúncio de alianças em prol de Tarcísio Freitas e Rodrigo Garcia começaram a consolidar o cenário para as eleições de outubro em São Paulo. Diferentemente de outros anos, em que o PSDB largava como claro favorito para o Palácio dos Bandeirantes, desta vez as eleições de São Paulo prometem estar entre as mais imprevisíveis e dramáticas do País.
Os três principais candidatos – Tarcísio, do Republicanos, Garcia, do PSDB, e o ex-prefeito Fernando Haddad, do PT – são fortes e podem vencer. Em uma disputa dura, pequenos detalhes, como uma gafe na campanha, podem fazer a diferença. As pesquisas eleitorais mais recentes, porém, dão algumas pistas sobre quem pode levar mais vantagem daqui até outubro.
Candidato único da esquerda, Haddad tem vaga praticamente garantida no segundo turno. A primeira pergunta importante a ser feita é quem, entre Tarcísio e Garcia, estará na segunda posição. As intenções de voto ainda não são conclusivas, pois ambos são desconhecidos pela maior parte dos eleitores que não acompanha a política de perto.
Tarcísio tem o apoio do presidente Jair Bolsonaro. Quando foi vinculado a Bolsonaro, Tarcísio atingiu 28% das intenções de voto na pesquisa Genial/Quaest, à frente de Garcia, que teve 17% como candidato independente.
Garcia, atual governador, conta com a máquina do Estado, com bilhões de investimentos diretos, e o apoio de mais de quinhentos prefeitos. Com 61% dos paulistas se dizendo abertos a mudar de voto, Garcia tem condições de tirar essa diferença durante a campanha.
A favor de Tarcísio, pesa a tendência de melhora no desempenho de seu principal cabo eleitoral. Com um mercado de trabalho mais forte e uma inflação em queda, Bolsonaro tende a subir nas pesquisas; mesmo que Bolsonaro não seja o favorito a vencer em outubro, Tarcísio tende a se beneficiar dessa tendência para ir ao segundo turno.
Se isso se confirmar, será importante monitorar a divisão entre capital e interior. É um lugar- comum afirmar que o PT jamais governará São Paulo por causa do interior; isso diminui o fato de que metade do eleitorado está na capital e na região metropolitana, onde o PT tem uma base relevante e onde a rejeição a Bolsonaro está hoje muito alta (com 70% dizendo que não votam de jeito nenhum em um candidato apoiado pelo presidente, segundo o Datafolha). Por isso, pela primeira vez, a vitória pode estar ao alcance do PT em São Paulo.
Será muito importante, então, monitorar o desempenho de Bolsonaro ao longo da campanha. A desvantagem dele para Lula é menor em São Paulo do que no resto do país. Se de fato Bolsonaro tiver uma melhora nos próximos meses, inclusive na capital, isso tende a tirar a vantagem atual de Haddad nas pesquisas – mas a disputa parece apertada.
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