Com a maior bancada da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o PL enfrenta um racha na disputa pela liderança do partido na Casa. O atual líder, Carlos Cezar, trabalha para garantir sua permanência no cargo, enquanto o deputado bolsonarista Gil Diniz tenta se viabilizar como alternativa.
Cezar foi filiado ao PSB e já ocupou o posto de líder do governo na gestão Márcio França (PSB). No PL, ele é alinhado à ala raiz da legenda e conta com o apoio do presidente da Alesp, André do Prado (PL), para continuar na liderança do partido. Prado também deve ser reconduzido à presidência da Casa. Em outubro, a assembleia aprovou uma Proposta de emenda à Constituição (PEC) que autoriza a reeleição da Mesa Diretora.
Gil Diniz, por sua vez, encontra respaldo principalmente na ala bolsonarista do partido, mas não só. Deputado de segundo mandato, ele foi líder do PSL na Alesp de 2019 a 2020 e é próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
“Não tem nenhuma disputa. São visões diferentes e uma rotatividade natural de acontecer. O Gil se colocou à disposição, ele tem experiência, foi líder quando éramos deputados do PSL e é alguém muito próximo do Bolsonaro, endossado por ele. Faz todo sentido essa próxima liderança com o Gil”, diz Tenente Coimbra (PL).
Filiado ao PL há mais de 20 anos, Ricardo Madalena é outro que defende a renovação. “Nós somos 19 deputados. Temos que dar oportunidade para os demais. Ele já foi reconduzido, se ficar novamente na liderança, estará cerceando o direito de outros deputados que queiram ocupar essa posição, como o Gil, que eu apoio.”
Os líderes partidários atuam, na prática, como representantes de suas bancadas. Na Alesp, eles participam do Colégio de Líderes, reunião na qual são definidas as pautas de votação e negociados os acordos para a tramitação de projetos de lei. Também funcionam como interlocutores dos parlamentares junto ao governo estadual.
Deputados favoráveis à troca na liderança do PL alegam, reservadamente, que Carlos Cezar não consulta a bancada como deveria, restringindo-se a repassar decisões já definidas. Eles também alegam que o líder prioriza os interesses do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do presidente da Alesp, deixando a bancada em segundo plano. Além disso, segundo os parlamentares ouvidos pelo Estadão, Cezar seria “zero ideológico” e não atuaria para ampliar o espaço do PL no governo. Além da Segurança Pública, o partido está à frente da Secretaria da Mulher.
Assessores de Tarcísio dizem que o governo não deve se envolver na disputa. Embora haja insatisfação na bancada com a condução de Carlos Cezar, deputados consideram que ele é o favorito por ser mais próximo do presidente da Casa. Diniz, por outro lado, tem um perfil tido como mais crítico e independente.
“Acho muito bom que tenha uma mudança. Para mim, seria uma honra liderar a bancada do partido do presidente Bolsonaro na maior Assembleia Legislativa do País”, disse Gil Diniz ao Estadão. “Não estou buscando o poder pelo poder. Quero servir à bancada, e não usar dela para galgar outros espaços. Eu, democraticamente, só quero ficar um ano na liderança. Depois disso, passo o bastão para outro deputado, garantindo a oxigenação da liderança e que outro parlamentar seja prestigiado e ganhe essa experiência.” Procurado, Carlos Cezar não quis comentar.
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