Economista da FGV confirma trabalho com Aécio

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O economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Samuel Pessoa, confirmou em conversa com o Broadcast que já trabalha na formulação da agenda econômica do provável candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB). "Tenho conversado com o senador há quatro meses", afirmou. Segundo ele, ainda não há pontos do programa definidos, mas certamente o cenário do ano que vem será de "um ajustamento duro da economia".Durante evento ontem em São Paulo, Aécio afirmou que o ex-presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, "ao lado de figuras como José Roberto Mendonça de Barros, Mansueto (Almeida) e Samuel Pessoa, são economistas que estão nos ajudando com a construção de uma agenda para o Brasil".Pessoa disse que ainda é cedo para definir as diretrizes de um eventual governo tucano e reforçou que o cenário "não vai ser fácil pra ninguém". "Tem desequilíbrios por toda parte", afirmou. "Por isso que eu não tenho condições de falar muito agora. Tenho total consciência de que é uma situação difícil e estou me debruçando sobre ela com cuidado", ponderou. Questionado se há um prazo para que o programa esteja pronto, o economista negou. "Quem define isso é o candidato."Segundo Pessoa, um de seus exercícios para desenhar políticas futuras mostrou que a situação em 2015 será bem pior do que foi em 2003, após o conhecido "efeito Lula" nos mercados. No fim de 2002, a inflação havia ficado em 12,53% e o dólar chegou próximo do patamar de R$ 4. "Em diversos critérios a situação atual é pior do que em 2002, inclusive no inflacionário. Hoje, apesar de uma inflação em um patamar menor, ela ainda é alta e há uma inflação de serviços muito maior, que não existia em 2002", comparou. "A natureza da inflação hoje é muito pior que a natureza da inflação naquela época", completou.Pessoa afirma ainda que os preços administrados, que pesarão na conta do governo no ano que vem, "estavam em ordem" na ocasião. "Sem falar no ajustamento cambial que precisará ser feito", disse. "Lá atrás tínhamos preços administrados em ordem, inflação se serviços rodando abaixo da inflação cheia e uma trajetória de câmbio futuro cadente", reforçou.Aécio afirmou na segunda-feira em São Paulo que a política de preços administrados tem "efeitos colaterais perversos". Segundo ele, um futuro governo tucano terá como preocupação a inflação no centro da meta "e não no teto".O senador criticou a postura do atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, de declarar que a inflação no teto da meta, de 6,5%, está dentro do controle. "Me preocupo quando vejo declaração do ministro (Mantega) de que a inflação está sob absoluto controle. Sabemos que a tampa dessa panela de pressão daqui a pouco vai ser aberta", afirmou. Segundo ele, a inflação hoje, de 6%, "está em trajetória crescente e só está nesse patamar porque temos preços controlados de energia, de transporte público, de combustível", disse.Para o economista, outro desafio que precisará ser enfrentado é a questão das contas públicas. "O superávit primário que o FHC deixou para o Lula foi de 3,2% do PIB (Produto Interno Bruto), e esse primário é recorrente, sem receita extraordinária", diz. "Já a presidente Dilma (Rousseff) está legando para ela mesma ou para quem vier um primário recorrente de 0,8% do PIB."Cargo no governoQuestionado se almejaria ou se já havia acertos para ocupar algum cargo em um eventual governo tucano, Pessoa tergiversou. "Acho muito difícil, nunca trabalhei no setor público, não sei se tenho perfil." Ele ponderou que tem amigos, - como Marcos Lisboa (que foi secretário de Política Econômica do ministro Antonio Palocci) e Nelson Barbosa (ex-secretário-executivo do ministro Guido Mantega) -, que fizeram um bom trabalho. "Não teria nada contra, é uma atividade nobre, não digo que nunca vou fazer, só tenho a impressão de que não tenho perfil", disse. Pessoa tem vínculos antigos com o PSDB e já foi assessor econômico do ex-senador e empresário Tasso Jereissati (PSDB-CE).

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