BRASÍLIA – O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) divulgou o lançamento de um calendário de 2024 com fotos de Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais. Na capa, há a imagem do ex-presidente sem camisa, mostrando a cicatriz no abdômen, gerada por causa do atentado à faca que ele sofreu em Juiz de Fora (MG), durante a campanha eleitoral de 2018. Em vídeo publicado no Instagram no domingo, 13, o deputado afirmou que as imagens expressam a “trajetória vitoriosa” do ex-chefe do Executivo.
Na sexta-feira, 11, aliados de Bolsonaro foram alvos de uma operação da Polícia Federal (PF), que faz parte da investigação sobre esquema de venda ilegal de joias e outros objetos de valor recebidos em viagens oficiais da Presidência.
A foto principal de Bolsonaro no material é a mesma publicada nas redes sociais do ex-presidente em 30 de junho, dia em que ficou inelegível por oito anos após condenação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O calendário também tem registros do ex-chefe do Executivo desde quando ocupou o primeiro cargo eletivo em 1989, como vereador do Rio de Janeiro.
“Conta um pouco dessa trajetória vitoriosa, desde quando Bolsonaro era militar, depois virou vereador do Rio de Janeiro, deputado federal, até chegar à Presidência da República. Claro, sem esquecer das datas onde têm vários acontecimentos importantes durantes os quatro anos de Presidência do melhor presidente da história do nosso País, hoje sendo reconhecido até pelo pessoal da esquerda que faz vídeo arrependido na internet”, disse Eduardo Bolsonaro.
O calendário está à venda em uma loja virtual que comercializa produtos relacionados ao ex-presidente. A versão de mesa do item custa R$ 59,90, que está com preço promocional de R$ 49,90. O de parede é R$ 69,90, mas com desconto está por R$ 59,90.
O Estadão procurou o deputado para esclarecer qual é o destino do dinheiro da venda dos calendários, mas ainda não obteve resposta. No dia 27 de julho, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelou que o ex-presidente recebeu R$ 17,1 milhões por meio de transferências bancárias realizadas por Pix entre os dias 1º de janeiro e 4 de julho deste ano. Em junho, apoiadores promoveram uma vaquinha para Bolsonaro pagar multas processuais.
Operação da PF tem aliados de Bolsonaro como alvo
O lançamento do calendário com fotos do ex-presidente ocorreu dois dias após aliados do ex-presidente virarem alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga em esquema de vendas de joias e outros objetos de valor recebidos por comitivas da Presidência durante a gestão de Bolsonaro. As peças deveriam ser incorporadas ao acervo da União, mas foram omitidas dos órgãos públicos, incorporadas ao estoque pessoal do ex-chefe do Executivo e negociadas para fins de enriquecimento ilícito.
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De acordo com a PF, os montantes obtidos das vendas foram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal do ex-presidente, por meio de laranjas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, a localização e a propriedade dos valores. Mensagens trocadas em janeiro deste ano por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e Marcelo Câmara, assessor especial da Presidência da República, mostraram aos investigadores que Cid estaria com 25 mil dólares que, possivelmente, pertenciam a Bolsonaro.
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