O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) voltou a atacar colegas de partido nesta sexta-feira, 25, e disse que os parlamentares que pedem sua expulsão da sigla “achavam que iriam abocanhar o PSL em São Paulo”. O filho do presidente disse ainda que a direção anterior do diretório paulista “não é confiável”.
“Acho que os principais prejudicados são exatamente aqueles que estão impetrando pela minha cassação do PSL”, disse Eduardo. “Eles é que vão ter de se explicar. Curiosamente todos eles são de São Paulo.”
A crítica ocorre após os deputados Major Olímpio, Joice Hasselmann, Abou Anni e Junior Bozzella e Coronel Tadeu registrarem em cartório um pedido de expulsão do filho do presidente. Eduardo admite que o pedido ocorre em meio a uma briga pelo diretório estadual, a um ano das eleições municipais de 2020.
Agora ter destituído mais de 200 dirigentes municipais, Eduardo disse que seu trabalho como presidente do diretório é identificar “pessoas corretas” para chefiar a representação do PSL nas cidades. E criticou a direção regional anterior.
“Junior Bozzella dominava os diretórios aqui em São Paulo, ele não é uma pessoa confiável”, disse. “Eu não posso permitir que ele seja dono do Estado de São Paulo, seja eleito na onda Bolsonaro e depois faça o que vem fazendo conta o presidente.”
Eduardo foi à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) na noite desta sexta para receber o Colar de Honra ao Mérito Legislativo, maior homenagem concedida pela Assembleia paulista. O evento foi organizadalo pela ala bolsonarista do PSL no Estado, com um pedido formal do deputado estadual Douglas Garcia.
O plenário da Casa teve seguidos gritos com ofensas a Bozzella, que há dias pediu uma punição a parlamentares que apoiam Bolsonaro. Um dos filiados na mira dos bivaristas é o próprio Garcia, que chegou a ter sua suspensão do PSL anunciada por Bozzella. Segundo o gabinete do deputado estadual, não houve qualquer comunicação sobre suspensão. A expulsão dos deputados federais Carla Zambelli, Bibo Nunes e Alê Silva também chegou a ser anunciada.
Nove dos 15 deputados do PSL com mandato na Alesp compareceram ao evento de homenagem a Eduardo. Em meio à briga de uma ala do partido contra o "filho 03", o deputado estadual Frederico D'avila apresentou uma moção de apoio ao filho do presidente, assinada por 12 dos 15 deputados da sigla na Alesp.
O discurso de Eduardo, que durou quase uma hora, reiterou mais de uma vez que não será admitida qualquer contestação à opinião do presidente Jair Bolsonaro.
"Eu fico triste de ver pessoas agora, depois de eleitas, retornarem o discurso e dizer que 'não é bem assim, não vamos dizer amém para tudo que o presidente diz, vamos contestar'", disse Eduardo. "Na hora da eleição não era bem assim."
As falas foram constantemente interrompidas por aplausos, gritos e palavras de ordem, como numa torcida. A plateia tinha vários apoiadores com camisetas do Movimento Conservador, que cercaram o deputado com selfies e depois subiram à tribuna. "Guerra é guerra, vamos para cima" dizia um apoiador de Bolsonaro após o evento, no púlpito do plenário.
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