BRASÍLIA - O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha voltou ao plenário da Casa seis anos e meio após ser cassado. Desta vez, ele entrou como convidado. Depois de ter sido preso e acusado de corrupção, Cunha tentou se reeleger como deputado por São Paulo, mas fracassou. Sua filha Danielle, no entanto, foi eleita e assume o mandato nesta quarta-feira, 1. A aparição em clima de festa foi a primeira nos salões do Congresso desde que foi preso e perdeu o mandato.
Cunha ganhou o direito de entrar no plenário por ser ex-parlamentar. O acesso estava restrito e parentes não tinham direito a acompanhar o parlamentar que toma posse. Eduardo Cunha acompanhou a cerimônia de posso ao lado da filha e de outros deputados, como Daniela Carneiro, a Daniela do Waguinho (União-RJ), ministra do Turismo.
Cunha acompanhou a posse da filha próximo à mesa, do mesmo lugar em que assistiu ao anúncio de sua cassação, em 12 de setembro de 2016. Na ocasião, deixou o plenário aos gritos de “adeus, Cunha”. O ex-presidente foi tietado em sua volta à Câmara, com pedido de vídeos, fotos e entrevistas.
“O retorno que eu vim trazer minha filha, só por isso. Retornei com essa finalidade, ser anfitrião dela”, disse o ex-deputado, confraternizando com ex-colegas, alguns de sua antiga tropa de choque, como João Carlos Bacelar (PL-BA), que negocia apoio ao governo Luiz Inácio Lula da Silva, e Julio Lopes (PP-RJ). O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), favorito para reeleição, era do grupo de Cunha.
“Receptividade maravilhosa. Não estou parando de cumprimentar as pessoas e tirar foto aqui. Receptividade ótima, estou retornando à minha casa, mas eu deixei para retornar num dia de um motivo nobre, que é trazer a minha filha. Hoje sou pai de deputada.”
Eduardo Cunha transitou pela Câmara usando um broche de uso exclusivo dos deputados ou ex-parlamentares.
Na saída do plenário, Cunha foi perguntado se o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguirá implementar sua agenda na Câmara. Na avaliação do ex-presidente da Casa, “depende qual agenda”.
“Tem agendas que são agendas de natureza política, ideológica e você tem agendas que são de natureza econômica e administrativa. Eu acredito que a que trate da economia tem mais facilidade de andar se for dentro daquilo que possa ajudar o País”, afirmou.
Ao lado do pai, sem os mesmos holofotes, Dani Cunha disse ao Estadão que defende a independência do Parlamento e não defende “pautas que atrapalhem o país”. “Sempre mantendo a nossa independência”, afirmou.
A deputada concorreu à Câmara pelo União Brasil. Dani Cunha obteve 75.810 votos no Rio. O pai tentou voltar a Brasília pelo PTB de São Paulo. Eduardo Cunha recebeu 5.044 votos e não foi eleito.
Eduardo Cunha foi cassado em setembro de 2016 por 450 votos a 10 e nove abstenções, após a representação por quebra de decoro. O ex-deputado foi acusado de usar o cargo para obstruir as investigações do Conselho de Ética. Ele recebeu quase 200 votos a mais do que o mínimo necessário (257) para a aprovação da cassação do mandato.
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