Eduardo Leite diz que há descompasso entre anúncios do governo federal e entregas ao Estado

Em encontro com Lula, governador gaúcho diz ter cobrado ações mais efetivas para reconstruir o RS após as enchentes de maio; na sexta passada, presidente afirmou que Leite “nunca está contente”

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O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), voltou a cobrar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mais apoio do governo federal à reconstrução do estado depois das enchentes no mês de maio. Segundo o tucano, há um “descompasso” entre o que o governo anuncia e o apoio que está chegando na ponta.

“Eu faço agradecimento [ao governo federal], mas eu não deixo de demandar (...). Entendo que é meu papel, como governador, fazer isso diante de um Estado que enfrentou uma grave calamidade, precisa de todo apoio, teve e está tendo apoio. Mas o que eu tenho mostrado é que tem um descompasso entre o apoio que é anunciado e o apoio que se está efetivando lá na ponta”, disse o governador em entrevista coletiva nesta quarta-feira, 21.

Eduardo Leite com Lula na Base Aérea de Canoas, em 5 de maio, quando o presidente visitou o RS em razão das enchentes Foto: Mauricio Tonetto / Secom

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No final da manhã desta quarta, Leite se reuniu no Planalto com Lula e os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul). O encontro, que durou cerca de uma hora, ocorreu após troca de farpas entre o governador e o chefe do Executivo federal na sexta-feira, 16.

A principal cobrança de Leite foi em relação ao programa de manutenção de empregos depois das enchentes. “O governo federal anunciou R$ 1,2 bilhão neste programa, mas acabaram sendo acessados até aqui cerca de R$ 170 milhões. Não é porque as empresas não precisam: é porque as regras do programa ficaram muito engessadas e acabam limitando o acesso a esses recursos”, disse o governador gaúcho. O governador defendeu que o programa fosse mais próximo daquele implantado nacionalmente durante a pandemia.

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Leite também se queixou de que o projeto de renegociação das dívidas dos Estados aprovado pelo Senado não contempla a dívida do Rio Grande do Sul.

“Conversa amistosa”

Na saída do encontro, o governador gaúcho afirmou que a conversa foi “boa” e “amistosa”, mas divergências permanecem. “O presidente é um ser político que faz as suas manifestações, suas críticas, suas análises, faz o debate público do seu ponto de vista, tanto quanto eu”, disse Leite. “A gente não precisa pensar igual; a gente precisa pensar no país e, nesse caso, no Rio Grande do Sul. E eu vejo que o presidente tem essa disposição”, acrescentou.

Em sua entrevista à Rádio Gaúcha na última sexta, 16 de agosto, Lula disse que o governador “nunca está contente”. “O governador deveria um dia me agradecer. Dizer ‘Lula, obrigado pelo tratamento que você está dando ao Rio Grande do Sul’”, declarou o presidente da República.