Com a retirada da pré-candidatura presidencial do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB), o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) evita se declarar como substituto do partido para a disputa presidencial. A sigla ainda não está unida e se divide entre ter candidato próprio ou apoiar a senadora Simone Tebet (MDB-MS). “Não articulo e nem participo das articulações nacionais”, disse o gaúcho.
Mais cedo, ele classificou como “natural” a escolha de Simone como o nome da terceira via. “Vejo e entendo como natural que se encaminhe a discussão de apoio a Simone. Mas o PSDB precisa aprofundar a discussão com o MDB sobre o projeto para o País e como se dará essa construção. Confio que chegaremos a um denominador comum”.
Segundo lugar nas prévias que escolheram Doria o pré-candidato tucano a presidente, Leite tem sido citado novamente como opção presidencial após a saída do paulista, mas nega se mover para ser o candidato.
Ainda em meio a uma tentativa de barrar a pretensão presidencial de Doria, Leite renunciou ao comando do governo gaúcho no final de março para ficar à disposição de um projeto nacional do PSDB, mas agora tem focado em reuniões e eventos no Rio Grande do Sul.
“Estou focado em garantir que o Rio Grande do Sul não tenha retrocesso. Meus olhares e minha atenção estão no meu estado”, disse.
Ao mesmo tempo, antes de fechar completamente as portas para uma candidatura presidencial, Leite afirmou que precisa aguardar que o partido chegue a um consenso. “A condução do processo nacional está a cargo de nossos dirigentes partidários que, confio, saberão construir unidade no partido e com outras agremiações. Terão a minha parceria para isso”, afirmou.
Monitor dos presidenciáveis
Os ex-presidentes do PSDB Aécio Neves e José Aníbal têm vocalizado a opinião de uma ala do partido que deseja ter candidato próprio. Mesmo sem Doria, esse grupo, que apoiou Leite nas prévias, agora volta a citar o nome do gaúcho e também o do senador Tasso Jereissati (CE) como alternativas. A avaliação é que o PSDB precisa ter protagonismo e que o MDB pode rifar a candidatura de Simone Tebet durante a convenção, o que deixaria os tucanos sem opção nas vésperas do início da campanha.
Procurado, Leite evitou adotou um tom mais contido que seus aliados e disse ao Estadão que “não tem elementos” para afirmar que Simone será rifada.
Nomes importantes da cúpula emedebista apoiam Simone, caso do próprio presidente do partido, Baleia Rossi, mas há diretórios estaduais que preferem apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou o presidente Jair Bolsonaro (PL).
A movimentação para barrar a aliança com o MDB tem incomodado o presidente do PSDB, Bruno Araújo, que chegou a afirmar ontem, 23, que “é um desserviço à verdade dos fatos, desrespeito às reiteradas decisões coletivas e, mais grave, ao País”.
A desistência de Doria não aplacou as divisões internas no tucanato. Um setor capitaneado por nomes como o deputado federal Aécio Neves (MG) vai defender na próxima reunião da Executiva que o PSDB tenha candidato próprio para o pleito. Para ganhar tempo de demover esta ala, a alta cúpula da legenda adiou o encontro, que aconteceria hoje, para 2 de junho.
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