RIO – O prefeito reeleito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), dedicou a vitória em primeiro turno na capital fluminense ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e fez acenos ao governador Cláudio Castro (PL) em seu discurso de vitória na noite deste domingo, 6, na Gávea Pequena, residência oficial do chefe do Executivo do município.
“Governador Cláudio Castro, estamos do seu lado. A partir de hoje, terminam os conflitos”, afirmou Paes em recado ao governador. “Vamos trabalhar ao lado do governador Cláudio Castro.”
“O meu recado para o governador Cláudio Castro é o seguinte: aqui tem um time de pessoas que é oposição a você, que não concorda com o seu governo, que não queria que você fosse governador, mas que vão ajudar para que você em frente essa turma que quer tomar de assalto a Segurança Pública do Rio de Janeiro. Isso não é lugar de política, não é lugar de negociação. É lugar de trabalho sério e de defesa do Estado”, afirmou o prefeito reeleito.
Segundo Paes, “não dá mais para continuar politizando tudo no Rio de Janeiro”. Em outro ponto do discurso, o prefeito da capital fluminense disse que, apesar de discordar da gestão do governador, está aberto para trabalhar com ele, assim como faz com o governo federal.
“O governador Cláudio Castro precisa entender que é dele esse papel (segurança pública)”, disse. De acordo com o prefeito, Castro “não pode ceder à pressão política” e cita casos em que o governador teria colocado comandantes em batalhões para favorecer indicações políticas.
“A partir de hoje termina os conflitos, a gente vai trabalhar junto, nós queremos ajudar o seu trabalho, não é nossa responsabilidade. Eu falei isso várias vezes para o deputado Ramagem, para aqueles que achavam que iam enganar o povo trazendo o debate da Segurança Pública para a cidade. A gente vai trabalhar do lado do governador Cláudio Castro. Acabou o conflito, acabou a disputa”, sinalizou Paes.
Apoiado pelo presidente Lula, Paes fez questão de dedicar a vitória em primeiro turno ao petista. “Quero dedicar essa vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.
“Eu queria agradecer agradecer muito ao presidente Lula, que foi um super companheiro, que é um sujeito que ajuda a gente no Rio de Janeiro há muito tempo. Presidente Lula, nós, os cariocas, reconhecemos o seu carinho pela nossa cidade. Você é o político de dimensão nacional que tem a compreensão exata do papel do do Rio de Janeiro para o nosso País”, agradeceu.
Ao lado de Otoni de Paula, Paes agradece evangélicos
Um dos focos de Paes na campanha foi o eleitorado evangélico. O prefeito selou uma aliança, até então improvável, com o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), que se tornou o coordenador de campanha com o setor religioso. No discurso de vitória neste domingo, o chefe do Executivo municipal agradeceu ao deputado pastor, ao pastor Silas Malafaia e a Igreja Universal – aliados históricos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“O povo evangélico não é gado. Queria agradecer ao pastor Cláudio Duarte, meu amigo, pastor Abner Ferreira, essa grande liderança da Assembleia de Deus, meu irmão, meu amigo, pastor Silas Malafaia que ficou fofo. As várias convenções da Assembleia de Deus, o nosso Bispo Irani, da Igreja Católica, e o povo da Igreja Universal, que a gente passou os últimos anos brigando”, finalizou.
Aliança ampla
O prefeito do Rio de Janeiro lembrou que costurou uma ampla aliança partidária na campanha por sua reeleição. Após a vitória, Paes fez um discurso de agradecimento, acompanhado por Otoni de Paula (MDB-RJ), Alessandro Molon (PSD), Benedita da Silva (PT), Jandira Feghali (PCdoB), Martha Rocha (PDT) e Pedro Paulo (PSD), entre outros.
“Isso aqui é uma aliança ampla, é um exemplo para o Brasil”, discursou. “Essa eleição é sobre o que a gente deseja pro Brasil. É hora de parar com polarização, como se fôssemos inimigos. Não somos inimigos, somos pessoas com pensamentos diferentes”, apontou ele, acrescentando que “dá pra juntar muita gente e construir o que é melhor pro Brasil.”
Segundo Paes, conseguir um quarto mandato como prefeito “é uma honra enorme”. “Mesmo os que não votaram conosco manifestaram carinho e gratidão”, disse. O prefeito lembrou ataques de adversários, chamando de uma disputa irracional, em contraposição ao que tem proposto. “Essa é uma luta política racional, sobre o que a gente quer nessa cidade”, falou.
Siga o ‘Estadão’ nas redes sociais
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.