RIO – Candidato do PSD à reeleição para a prefeitura do Rio de Janeiro, Eduardo Paes tenta capitalizar as recentes trocas no comando da Polícia Civil e da Defesa Civil do Estado ao associar os adversários bolsonaristas na disputa, Alexandre Ramagem (PL) e Rodrigo Amorim (União), à política de segurança do governador Cláudio Castro (PL). Essa tem sido a estratégia adotada pelo prefeito da capital fluminense desde o início da campanha eleitoral para desconstruir a principal narrativa adotada por Ramagem: a defesa da segurança pública – tema de competência majoritária do governo estadual.
Em um Estado rachado entre territórios dominados pelo tráfico de drogas, com a influência de facções criminosas, e o aumento exponencial do domínio de grupos paramilitares – as milícias – sobre a população fluminense, a segurança pública do Rio passa por uma constante mudança nos cargos de comando no mandato do atual governador.
O Estado chega ao seu quinto chefe de Polícia em menos de quatro anos. Nesta segunda-feira, 2, Castro anunciou a saída do atual comandante da instituição, o delegado Marcus Vinícius Amim Fernandes, um “policial influencer” e comentarista de TV. Ele foi escolhido por pressão política do União Brasil, partido de Rodrigo Amorim, capitaneada pelo presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União).
Em dezembro de 2023, Castro cedeu para atender à pressão de deputados e fez uma manobra jurídica para nomear Amim para a Secretaria de Polícia Civil. A missão era dar respostas concretas aos casos de insegurança na capital fluminense, como o assassinato de médicos na orla na Barra da Tijuca, um dos pontos nobres da cidade, ao alto índice de letalidade de crianças e adolescentes vítimas de armas de fogo naquele ano, ao menos 24 mortes, e às afrontas do crime organizado à ação do Estado.
O secretário de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Leandro Monteiro, também deixou o cargo, conforme decisão de Castro também nesta segunda. Para as vagas, o governador anunciou a escolha de Felipe Curi, atual diretor do Departamento de Homicídios, para a chefia da Polícia Civil, e o coronel Tarciso Antônio de Salles Junior, atual corregedor-geral da Secretaria de Saúde, para a Defesa Civil e Corpo de Bombeiros.
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A troca foi capitalizada politicamente por Paes. Em uma publicação no Instagram, o atual prefeito do Rio diz que, “com as mudanças anunciadas na área de segurança do Estado”, espera que o “governador Cláudio Castro, que comanda as forças policiais, finalmente assuma sua responsabilidade e apresente uma política séria nesta área que assola os diferentes municípios do Estado do Rio de Janeiro”.
“Quero acreditar que as mudanças feitas pelo governador Cláudio Castro no primeiro escalão das suas forças de segurança, às vésperas das eleições, tenham como único objetivo a melhoria na qualidade de vida das pessoas que sofrem com a violência e o domínio do crime organizado, pela falta de política de segurança pública do governo do Estado, nos últimos 6 anos, em especial na região metropolitana”, diz.
E acrescenta: “Durante o processo eleitoral, tenho alertado os cariocas que nesta eleição de 2024, o governador Cláudio Castro é o padrinho do candidato adversário Alexandre Ramagem – que já havia indicado o atual secretário de Segurança Pública – e do deputado Rodrigo Amorim, linha auxiliar assumido da candidatura de Ramagem”, finaliza.
Castro se limitou a dizer que as mudanças têm como objetivo “fortalecer ainda mais as forças de segurança do Estado”.
“Agradeço aos ex-secretários Marcus Amim e Leandro Monteiro pelo importante trabalho e dedicação ao longo do tempo em que lideraram suas pastas. Com essas mudanças, seguimos firmes no compromisso de servir cada vez melhor a população do Rio de Janeiro”, escreveu nas redes sociais.
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