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Entenda a eleição em Minas: Estado pode ter campanha com ‘Bolsozema’ contra ‘Lulil’

Zema, que tenta a reeleição, lidera com folga pesquisa recente e está reticente em se aliar de novo com o presidente, como em 2018; Kalil já firmou aliança com Lula

Por Carlos Eduardo Cherem
Atualização:

BELO HORIZONTE – A campanha eleitoral para o governo de Minas Gerais deste ano repete o cenário nacional, com a polarização entre duas candidaturas: Romeu Zema (Novo), que tenta a reeleição e tende a fechar uma aliança com o presidente Jair Bolsonaro (PL), em uma chapa Bolsozema, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), que já firmou acordo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na chapa Lulil.

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Com ambos despontando nas pesquisas de intenção de votos, há pouco espaço para uma terceira via, uma perspectiva que também idêntica ao panorama nacional. Terceiro lugar nas pesquisas, com somente um dígito nos levantamentos, o senador Carlos Viana (PL-MG) representa uma espécie de plano B do bolsonarismo – a partir desta semana, o Estadão intensificou a cobertura das disputas estaduais pelo Brasil.

A candidatura de Viana foi costurada pelo filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), como forma de pressionar Zema a se posicionar em favor do nome do pai na campanha. O governador mineiro, porém, joga duro e se nega a declarar apoio ao presidente. Em público, ele diz que fará campanha ao pré-candidato do Novo à Presidência, Luiz Felipe d ́Ávila (Novo).

Em público, Romeu Zema diz apoiar o pré-candidato do Novo ao Planalto  Foto: Marcos Correa/PR

Bolsonaro, porém, pressiona. No fim do mês passado, em Uberaba (MG), para uma plateia de ruralistas, o presidente ergueu o braço de Zema, e disse que “não se mexe em time que está ganhando”. Há duas semanas, na sede da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Bolsonaro voltou a afirmar que torce pela reeleição do governador. Nos dois eventos, porém, Zema agiu de forma protocolar e não declarou apoio a Bolsonaro.

Interlocutores do governador dizem que ele tem repetido que não precisaria do apoio do presidente para se reeleger. Na última pesquisa divulgada no Estado, no meio da semana passada, pelo instituto Real Time Big Data, Zema lidera com folga, com 43% das intenções de voto ante 29% de Kalil.

Em 2018, Zema antes mesmo da definição do primeiro turno das eleições, se aliou à campanha de Bolsonaro, abandonando a candidatura de do candidato de sua sigla, João Amoêdo (Novo). Nos três anos e meio de mandato, o governador se alinhou as teses bolsonaristas e apoiou as iniciativas de governo do capitão reformado do Exército.

Em entrevista ao jornal O Globo na semana passada, ele negou até que tenha se aproximado do presidente em 2018. “Durante a campanha de 2018, o meu contato foi zero com Bolsonaro. Eu vim a conhecê-lo, nós já estávamos eleitos”, disse.

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‘Lulil’

“A construção do acordo entre Lula e Kalil foi feita em nome da democracia. Em nome do futuro estamos viabilizando em Minas Gerais um movimento que juntou pessoas que pensam diferente, mas que são comprometidas com o estado de direito e a democracia em no País”, afirma o líder do PT na Câmara dos Deputados, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG). A chapa “Lulil”, diz ele, ganhará força assim que for colocada nas ruas.

O ex-presidente Lula esteve com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, o deputado federal Reginaldo Lopes e o presidente do PT-MG, Cristiano Silveira, para lançar palanque conjunto em Minas Gerais Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação/PT

Segundo o parlamentar, a composição da chapa levou em conta o peso do Estado nas eleições: segundo colégio eleitoral, com 15,9 milhões de eleitores, atrás somente de São Paulo.

Além de Kalil, Zema e Viana, Minas Gerais ainda tem quatro candidatos na disputa pelo Palácio Tiradentes. Os tucanos mineiros lançaram o nome do ex-deputado Marcus Pestana (PSDB).

O presidente do PSDB de Minas Gerais, deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), vê a candidatura com “entusiasmo”. “Nossa militância, vereadores, prefeitos e vices, e ex-prefeitos, estavam pedindo a candidatura própria”, afirma o parlamentar.

“Há um fator determinante que é o quadro político nacional. O PSDB tem trabalhado no sentido de construir uma candidatura do chamado centro-democrático unido”, diz Abi-Ackel. O nome do candidato tucano, porém, está próximo do traço nos levantamentos de intenção de voto no Estado.

Renata Lage (PCB), Miguel Corrêa (PDT) e Lorene Figueiredo (PSOL) também são pré-candidatos ao governo mineiro.

“Não existe terceira via no pleito de Minas Gerais. Não há espaço. As candidaturas de Zema e Kalil estão consolidadas e dificilmente os outros nomes lançados mudam essa situação”, diz o professor Carlos Ranulfo Melo, do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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