A menos de um ano das eleições municipais, 11 nomes são cotados para concorrer à Prefeitura de Vitória. A disputa pelo comando da capital capixaba deve seguir a polarização Lula-Bolsonaro e reeditar a rivalidade do pleito passado entre Lorenzo Pazolini (Republicanos), atual prefeito, e João Coser (PT), deputado estadual e ex-prefeito da cidade.
Pazolini deve disputar o eleitorado mais conservador com o deputado estadual Capitão Assumção (PL), que alcançou o quarto lugar no primeiro turno das eleições de 2020, entre os 14 candidatos na época. Já Coser tem o desafio de reconquistar o capital político do PT no município e se articular com outros partidos do mesmo campo ideológico, como o PSOL, que lançou a pré-candidatura da deputada estadual Camila Valadão.
Terceiro colocado na disputa passada, o também deputado estadual Fabrício Gandini saiu do Cidadania e migrou para o PSD para se manter vivo na corrida eleitoral, e se coloca como alternativa a Pazolini e Coser.
Outro cotado para a disputa é o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), que pode ter preferência entre na Federação PSDB-Cidadania no Estado. Também estão no páreo o ex-prefeito de Vitória Luciano Rezende (Cidadania), o deputado estadual Mazinho dos Anjos (PSDB) e o ex-deputado estadual Sérgio Majeski (PSDB), que busca nova legenda para concorrer.
Veja mais sobre os postulantes ao comando da prefeitura da capital do Espírito Santo:
Lorenzo Pazolini (Republicanos)
Lorenzo Pazolini deve buscar o segundo mandato à frente da prefeitura. Oficialmente, porém, ele evita “queimar a largada”. Em nota ao Estadão, o prefeito disse considerar “extemporânea a discussão sobre sucessão neste momento”. A previsão é que Lorenzo trate do assunto apenas entre julho e agosto do próximo ano, período de realização das convenções partidárias.
Além de disputar o eleitorado bolsonarista com Capitão Assumção, o prefeito precisa aparar arestas dentro do próprio partido para se fortalecer para a corrida eleitoral. No início deste ano, a relação com lideranças do Republicanos ficou estremecida, após expectativa de maior apoio do prefeito à montagem da chapa e aos candidatos em 2022. Outro ponto de conflito, segundo integrantes da sigla ouvidos pelo Estadão, era a pouca participação do partido no secretariado de Vitória.
Desde então, o prefeito fez concessões e aceitou indicações da legenda para compor a gestão. Em abril, Diego Libardi (Republicanos) foi nomeado secretário municipal de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalhos. Rodrigo Ronchi (PDT) foi oficializado no mesmo mês como secretário municipal de Esporte, indicado pelo deputado federal Amaro Neto (Republicanos).
Erick Musso, presidente do Republicanos no Espírito Santo, afirma que se Pazolini “decidir ser candidato à reeleição, o partido dará toda estrutura necessária”.
Delegado da Polícia Civil, foi eleito pela primeira vez em 2018 como deputado estadual. Em 2020, conquistou o cargo de prefeito da cidade.
João Coser (PT)
Aposta do PT entre as capitais do Sudeste, João Coser desbancou Gandini, candidato do então prefeito Luciano Rezende e disputou o segundo turno com Lorenzo Pazolini em 2020. Dois anos depois, foi eleito para a Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) e deu fim ao período de dez anos sem um cargo eletivo.
Coser foi prefeito de Vitória por dois mandatos, de 2005 a 2012. Desde o fim da sua segunda gestão na cidade, não conseguiu se eleger para um novo posto. Com a repercussão da Operação Lava Jato, da prisão de Luiz Inácio Lula da Silva e do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o partido sofreu uma redução significativa no Espírito Santo. O PT não tem prefeito nos 78 municípios do Estado.
Na capital, a única vereadora da sigla é Karla Coser, filha do ex-prefeito. Em 2022, além da eleição de João Coser, o partido reelegeu Iriny Lopes com deputada estadual.
Nas redes sociais, Coser relembra feitos da suas gestões no comando da capital e destaca projetos realizados no atual mandato de deputado. “Assumo com muita motivação e determinação o compromisso de defender o projeto que temos de reconstrução da capital, deixada de lado nos últimos anos, com certo desmonte em suas políticas públicas”, afirmou no Instagram, em outubro, no lançamento da sua pré-candidatura.
Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB)
Na Federação PSDB-Cidadania, dirigentes apontam como possíveis pré-candidatos: os ex-prefeitos Luiz Paulo e Luciano Rezende (Cidadania), o deputado estadual Mazinho dos Anjos (PSDB) e o ex-deputado estadual Sérgio Majeski (PSDB). Com a recente nomeação como presidente do PSDB em Vitória, Luiz Paulo é o mais cotado da lista. A atual posição do tucano dá o poder de influenciar a seleção do candidato à prefeitura.
“Eu não falo em meu interesse nem na minha pré-candidatura. Se lá na frente o meu nome for considerado o melhor para liderar esse projeto eleitoral do PSDB, partido que sou presidente, eu estou disponível”, disse.
Além da posição partidária, Luiz Paulo tem a seu favor ter o cargo de subsecretário de Integração e Desenvolvimento Regional no governo de Renato Casagrande. Esse cargo é ligado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento, que tem como secretário, Ricardo Ferraço (PSDB), vice-governador do Espírito Santo.
Luiz Paulo exerceu dois mandatos como prefeito da cidade (1997 a 2004) e um como deputado federal (2007 a 2010). Desde então, não ocupou outro cargo eletivo. No último pleito que tentou uma vaga de deputado federal, em 2018, pelo Cidadania, não conseguiu se eleger. Em 2020, ensaiou se lançar como candidato à Prefeitura de Vitória, mas o PSDB optou pela ex-vereadora Neuzinha de Oliveira.
Camila Valadão (PSOL)
A deputada estadual Camila Valadão oficializou sua pré-candidatura no Congresso Estadual do PSOL em setembro. Antes de chegar à Assembleia Legislativa, foi a primeira vereadora negra de Vitória, eleita em 2020.
Na Câmara Municipal, Camila fez oposição a Pazolini. “Na nossa avaliação, o prefeito representa o projeto político de retrocesso, conservadorismo e bolsonarismo”, afirmou.
Camila ocupou o cargo de vereadora por apenas dois anos (2021 e 2022) porque, no ano passado, foi eleita deputada federal. Foi a quinta mais bem votada para uma cadeira no Legislativo estadual, passando dos 52 mil votos. Até então, o PSOL não havia eleito sequer um mandatário no Espírito Santo.
A sigla integra a Federação com a Rede Sustentabilidade. Eles pretendem manter diálogo com outros partidos e pré-candidaturas de esquerda do município.
Fabrício Gandini (PSD)
Afilhado político do ex-prefeito Luciano Rezende, Gandini renunciou à presidência do Cidadania e passou para o PSD. No último dia 4, anunciou a filiação ao partido em um vídeo ao lado de Gilberto Kassab, presidente nacional da sigla.
Gandini credita sua saída do Cidadania, partido ao qual era filiado havia 18 anos, o apoio que a sigla ensaia dar ao governo federal. “Tem essa possibilidade de o partido nacionalmente se aproximar do PT. O Roberto Freire alega que sua saída da presidência nacional do partido é um movimento da base do partido para se aproximar do PT nacionalmente. Isso seria muito prejudicial para nossa discussão local, em Vitória”, disse.
Ele foi eleito vereador por Vitória em 2008, 2012 e 2016, e está no segundo mandato na Assembleia Legislativa. Mesmo com o apoio do então prefeito, Gandini ficou em terceiro lugar na disputa para a prefeitura em 2020.
Tyago Hoffmann (PSB)
Em seu primeiro mandato, o deputado estadual Tyago Hoffmann oficializou sua candidatura representando o partido de Renato Casagrande. Apesar de ser novato em cargos eletivos, Hoffmann tem bastante experiência na política local. O deputado tem uma aliança de longa data com o governador. Atualmente, é vice-líder do governo na Casa e presidente da Comissão de Finanças.
Hoffmann atuou nas gestões anteriores de Casagrande como chefe da Casa Civil e secretário de Governo. Interlocutores do partido consideram que ele entra nesse processo eleitoral no papel de aliado de Casagrande. Por ser um nome novo em vitória, há dúvidas sobre seu capital político e a pré-candidatura pode auxiliar para negociações da legenda. No fim de outubro, ele se reuniu com Coser para tratar sobre as eleições de 2024, como registrado pelo ex-prefeito nas redes sociais.
A base de Casagrande é diversa e inclui partidos de diferentes campos ideológicos. O governador dialoga, por exemplo, com o PT e a Federação PSDB-Cidadania. “Não há nenhum impedimento para que dentro do projeto que o governador lidera haja mais de uma candidatura”, avaliou Hoffmann.
Capitão Assumção (PL)
Em julho, o PL oficializou a pré-candidatura do Capitão Assumção. O deputado estadual do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro coleciona polêmicas. Desde dezembro do ano passado, Assumção está usando tornozeleira eletrônica por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito sobre atos antidemocráticos e divulgação de fake news. A mesma decisão também impede o deputado de dar entrevistas e usar redes sociais.
O Capitão Assumção defendeu na Tribuna da Assembleia teses golpistas e atacava o STF na internet. Ele chegou a aparecer segurando um facão e com uma bandeira de um grupo neonazista durante as sessões virtuais da Casa na pandemia de covid-19. Em 2019, Assumção ofereceu na tribuna uma recompensa de R$ 10 mil para quem entregasse o cadáver de um criminoso. Um dos líderes da greve da Polícia Militar em 2017, foi condenado por idealizar e articular o movimento.
Em 2022, Assumção foi o segundo deputado estadual mais bem votado, reeleito para o cargo com cerca de 100 mil votos. O terceiro colocado, João Coser, teve cerca de 60 mil.
Coronel Alexandre Ramalho (Podemos)
Durante uma visita a Brasília em setembro, o secretário estadual de Segurança Pública, Coronel Alexandre Ramalho, foi convidado pela presidente nacional do partido, Renata Abreu, para se tornar candidato à Prefeitura de Vitória. Mas o secretário ainda não deu uma resposta oficial. “Até agora não tenho nenhuma decisão tomada. Agradeço a indicação do partido, mas é uma discussão para ter lá na frente.”
Antes de se filiar ao Podemos, no ano passado, Ramalho já atuava como secretário estadual de Segurança Pública. Ele deixou a pasta para participar das eleições como senador no ano passado, mas o próprio partido não endossou sua candidatura, e o coronel tentou uma vaga na Câmara dos Deputados. Ramalho não teve votos suficientes, porém é o primeiro suplente do partido para deputado federal do Espírito Santo. No final do ano passado, ele voltou para o antigo posto de secretário estadual de Segurança Pública.
Pessoas próximas do partido afirmam que ele tem desejo de se candidatar em Vila Velha, na Grande Vitória.
Veja os cotados para disputar a Prefeitura de Vitória em 2024
- Lorenzo Pazolini (Republicanos), prefeito de Vitória
- João Coser (PT), deputado estadual e ex-prefeito de Vitória
- Capitão Assumção (PL), deputado estadual
- Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), subsecretário estadual de Integração e Desenvolvimento Regional e ex-prefeito de Vitória
- Luciano Rezende (Cidadania), ex-prefeito de Vitória
- Mazinho dos Anjos (PSDB), deputado estadual
- Sérgio Majeski (PSDB), ex-deputado estadual e diretor da Escola do Legislativo na Assembleia do Espírito Santo
- Fabrício Gandini (PSD), deputado estadual
- Camila Valadão (PSOL), deputada estadual
- Tyago Hoffmann (PSB), deputado estadual
- Coronel Alexandre Ramalho (Podemos), secretário estadual de Segurança Pública
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