PUBLICIDADE

Eleições 2024: PL fecha mais alianças do que o PT para disputas municipais

Dados do TSE mostram que 53,34% dos candidatos a prefeito do PT têm uma coligação. No caso do PL, 71,73% dos candidatos a prefeito têm coligação

PUBLICIDADE

O PL de Jair Bolsonaro conseguiu fechar mais alianças do que o PT e sua federação partidária para disputar as eleições municipais deste ano - mesmo sendo, sozinho, maior do que o grupo petista. A situação do PT contrasta com a de seu principal líder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições de 2022. Naquela disputa, Lula conseguiu apoio dos três partidos de sua federação e de outras sete legendas ainda no primeiro turno. Seu principal adversário, o então presidente Jair Bolsonaro, teve em sua coligação só PL, Republicanos e PP.

Rivais no plano nacional, os partidos de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) aumentaram o número de filiados antes das eleições municipais de 2024 Foto: Wilton Junior/Estadão

Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) compilados pelo Estadão mostram que 53,34% dos candidatos a prefeito do PT têm uma coligação. Contando as candidaturas da federação, que também inclui PV e PC do B, são 53,92%. No caso do PL, 71,73% dos candidatos a prefeito têm uma coligação. Leia os números completos na tabela a seguir:

PUBLICIDADE

As federações partidárias valerão neste ano pela primeira vez para eleições municipais. São uma espécie de coligação que dura pelo menos quatro anos, não só durante o período eleitoral, e que obriga os participantes a terem uma relação mais profunda. Foram criadas para salvar partidos menores da cláusula de desempenho. O PT criou sua federação no começo de 2022 para garantir o apoio do PC do B e do PV ao nome de Lula na disputa à presidência.

Nas principais métricas, porém, PT, PC do B e PV juntos ainda são menores que o PL. A federação de esquerda elegeu 274 prefeitos em 2020 contra 334 do PL. Ainda, o grupo petista conta com 80 deputados e 9 senadores contra 92 e 14 do PL, respectivamente.

“Os partidos ligados à esquerda ficaram isolados. Na grande maioria dos municípios, o PL coligou ou agregou os partidos de centro e direita. Ficou bem claro essa divisão de direita e esquerda na maioria das cidades, inclusive por isso em muitas cidades, não só capitais, vai ser uma eleição polarizada. Acho que o eleitor já está percebendo que a eleição de 2024 é determinante para a eleição em 2026″, afirmou o senador Carlos Portinho, líder do PL. Segundo ele, o PT foi “quase dizimado” nas últimas eleições municipais.

“A eleição do presidente Lula é um suspiro para eles tentarem reverter um quadro que é muito adverso desde as últimas eleições, inclusive nas grandes capitais, que eu acho que é mais sintomático ainda essa perda de força do PT. O PT é um partido hoje que vive da imagem de um presidente já desgastado com a sua trajetória política caminhando para o fim e sem que tenha criado novas lideranças”, declarou.

O secretário-geral do PT, Henrique Fontana, disse ao Estadão que o partido buscou formar o maior número possível de alianças dentro da coalizão do governo, o que incluiu apoiar muitos candidatos de outros partidos. Também mencionou a possibilidade de pulverização do grupo em alguns municípios. “Na lógica de algumas cidades é natural que tenha dois candidatos, três candidatos desse campo”, disse ele.

Publicidade

Fontana também afirmou que o partido deve ter um crescimento “significativo” nas eleições deste ano, e que houve algumas filiações de prefeitos - principalmente no Nordeste. O senador Humberto Costa (PT-PE), um dos responsáveis pela organização da legenda para as disputas municipais, disse que houve poucas diretrizes nacionais sobre as alianças nos municípios. “Prioritariamente, nossas coligações foram feitas dentro da federação, ou pegando PSB, PDT, não teve uma política muito estabelecida, não. Estabeleceu aquelas restrições, [aliança com] PL e Republicanos tinha que passar pela direção nacional”, declarou o senador.

O pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marco Antonio Teixeira, especialista em política brasileira e eleições, avalia que há um movimento local que não necessariamente repete a polarização nacional. “E, sob esse aspecto, o PL sempre foi muito mais eclético que o PT. Basta a gente ver que, mesmo perdendo o governo, parte do PL vota com o governo”, disse à reportagem. Ele deu como exemplo da preponderância de arranjos de poder local alianças de partidos em duas capitais: “O MDB, do Ricardo Nunes [prefeito de São Paulo e candidato à reeleição], que está com o bolsonarismo, é apoiado pelo PT em Salvador”.

Também há uma herança da eleição de 2020, que foi especialmente ruim para os petistas. O partido elegeu só 182 prefeitos - contando a federação toda, foram 274. O PL conseguiu 334. Quando um partido já está no poder, tem melhores condições para atrair aliados e negociar apoios. Além disso, Teixeira menciona condições relacionadas à aprovação do presidente da República pelo eleitorado. “Se Lula estivesse bem em termos de popularidade como deixou o segundo mandato, 80% de aprovação, óbvio que a força de atração dele seria muito maior. Agora, tem que lembrar também que o nível local é mais conservador que as capitais”, declarou o pesquisador.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.