Eleições de Florianópolis em 2024: quem são os pré-candidatos à prefeitura da capital catarinense

Topázio Neto (PSD), vice que virou prefeito a menos de um ano, já se isolou no favoritismo para a recondução; conheça os competidores

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Foto do author Juliano  Galisi
Atualização:

A pouco menos de um ano da eleição, o prefeito de Florianópolis Topázio Neto (PSD) desponta como favorito para a recondução. O deputado estadual Marquito, do PSOL, vem se consolidando como principal força da oposição; à esquerda, foi confirmada também a pré-candidatura de Vanderlei Lela (PT). Os nomes do deputado estadual Pedro Silvestre (PP) e do ex-senador Dário Berger (PSB) correm por fora nos bastidores e nas pesquisas de intenção de voto, respectivamente.

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Topázio assumiu a capital de Santa Catarina em março de 2022, após Gean Loureiro (União Brasil) renunciar ao cargo de olho nas eleições para governador. Enquanto PT e PSOL não chegam a um acordo para evitar uma divisão nas forças de oposição, Neto tenta afastar os rumores de que a vaga para a vice-prefeitura esteja sendo negociada com o PL do governador Jorginho Mello, em detrimento do União e do grupo político ligado a Loureiro. Pelo lado do União Brasil, o mais cotado para a vice é Ed Pereira, secretário de Turismo de Florianópolis.

Quanto ao PL, o principal nome ventilado é o de Maryanne Mattos, ex-secretária e vereadora na capital. Ao Estadão, fontes ligadas ao União Brasil de Santa Catarina minimizaram o risco de uma aliança formal entre Topázio e o PL. O cálculo político para uma eventual composição com o PL não fecharia, pois o partido, apesar de ter o governo do Estado, não é consolidado em Florianópolis. Esse acordo, além de tudo, prejudicaria os planos do próprio PSD, partido do prefeito, para a eleição majoritária de Santa Catarina em 2026.

Confira, a seguir, os principais cotados para a disputa pele prefeitura de Florianópolis:

Topázio Neto (PSD)

Prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD) Foto: Prefeitura de Florianópolis

É crônica comum da política brasileira que um vice, chamado a assumir a titularidade de determinado cargo, tenha dificuldades em se fazer conhecido para um eleitorado que, em boa parte das vezes, não se atentou ao número dois da chapa. Em 2020, o empresário Topázio Silveira Neto, então filiado ao Republicanos, foi pessoalmente escolhido por Gean Loureiro para a vice-prefeitura. Até então, Neto nunca havia se candidatado a um cargo público. Dois anos depois, em março de 2022, Gean pediu exoneração do cargo, visando a eleição para governador e alçando Topázio a uma inesperada prefeitura.

Uma vez empossado, saiu do Republicanos rumo ao Partido Social Democrático (PSD) e investiu nas mídias sociais. A oposição, de modo pejorativo, qualifica o mandatário como “prefeito tiktoker”, em alusão à rede social de vídeos curtos na qual Topázio acumulou mais de 210 mil seguidores com vídeos de comentário e informes das questões locais.

Ao Estadão, Topázio afirmou que a produção de conteúdo para a internet se deu “um pouco por necessidade”. “Eu precisava, de alguma forma, fazer com que as pessoas me conhecessem. As redes sociais foram o caminho mais rápido. Acabamos focando nessa comunicação direta”, disse o prefeito.

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Para Daniel Pinheiro, professor universitário e pesquisador de Cultura Política da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), a gestão de redes de Topázio Neto emerge como um case de comunicação política para os próximos anos. “Ele expõe sem medo a imagem pessoal. Isso cria um laço de confiança muito forte [com o espectador]”, afirma Pinheiro.

À reportagem, Topázio qualificou a manutenção dos bons índices de aprovação à continuidade no secretariado e por ter tido a oportunidade de conhecer a máquina pública durante o período em que esteve como vice-prefeito.

Questionado sobre o impasse ventilado para a definição do seu vice, Topázio desmentiu os rumores de que há tratativas alheias a um acordo com o União Brasil. “O grupo político do Gean está junto com a gente. Estamos construindo um amplo arco de partidos que poderiam estar junto conosco. Desse grupo de partidos é que deverá sair o candidato a vice-prefeito”, disse Neto.

A esta altura do campeonato, ressalta Neto, “as costuras políticas começam a aparecer”, mas a definição formal para a vice-prefeitura só sairá a partir de junho do ano que vem. “O melhor vice será o que nos ajudar a ganhar a eleição”, afirmou o mandatário.

Segundo Daniel Pinheiro, compor chapa com um vice-prefeito ligado a Gean Loureiro somaria valor político ao prefeito. “O Gean nunca saiu dos bastidores e sempre foi bom de articulação”, diz Daniel. Por outro lado, se o nome for ligado a Jorginho Mello, a boa votação do governador em Florianópolis poderia congregar novos eleitorados. A despeito de uma escolha ou outra, o professor destaca que Topázio “já anda com as próprias pernas”.

Marquito (PSOL)

Marquito (PSOL), deputado estadual de Santa Catarina e pré-candidato a prefeito de Florianópolis Foto: @marquito.sc via Instagram

Pelo lado da oposição, as principais forças ainda não chegaram a um consenso. PSOL e PT, que compuseram chapa em 2020, contam, no momento, com uma pré-candidatura cada. O deputado estadual Marcos José Abreu, o “Marquito”, deslancha, pelo PSOL, como principal nome da esquerda.

Marquito é formado em engenharia agrícola e foi o deputado estadual mais bem votado de Florianópolis em 2022. Antes disso, havia sido eleito vereador da capital em 2016 e 2020. Em 2018, tentou, sem sucesso, uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc).

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Ao Estadão, o deputado afirmou que sua plataforma eleitoral será calcada nas principais agendas que defendeu na vida pública: a ecologia e a justiça social. O transporte público, segundo Marquito, será um dos motes da candidatura. “Vamos pensar num transporte público de qualidade e integrado com a Grande Florianópolis, envolvendo especialmente o modal aquaviário”, disse o deputado. Vias exclusivas para o transporte público e a tarifa zero também serão pautas da campanha.

Marquito destaca suas divergências para com a comunicação de Topázio Neto. “Utilizar as redes sociais não é problema. O problema é esse mecanismo substituir os outros da gestão pública”, diz o deputado. “A gente não tem uma transferência efetiva dos atos públicos e, em contrapartida, isso está sendo substituído pelo Twitter”, completa.

Vanderlei Lela (PT)

Vanderlei Farias (PT), ex-vereador de Florianópolis. Foto: Arquivo/Câmara Municipal de Florianópolis

Vanderlei Farias, o Lela, foi vereador de Florianópolis entre 2013 e 2020. Na última eleição municipal, ainda pelo PDT, legenda em que esteve durante os dois mandatos, não obteve êxito na recondução. Em maio de 2023, filiou-se ao PT e superou outros nomes da sigla cotados para a pré-candidatura.

O pré-candidato afirma que Florianópolis tem enfrentado problemas decorrentes do crescimento acelerado nos últimos anos. A balneabilidade das praias está na pauta. “Principalmente no norte da ilha, quase todas as praias estavam com sua balneabilidade prejudicada e, por conta disso, turistas sofreram com uma epidemia de virose”, diz o pré-candidato. “A questão ambiental é um dos pontos que a gente mais se preocupa”, completa.

Além de meio ambiente, o pré-candidato quer discutir a educação municipal, levantando questões como vagas em creches e melhoria nos indicadores de qualidade. “Florianópolis, dez anos atrás, era a referência nacional em todos os números do Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica]. Tivemos, em cinco anos, desafios que não foram cumpridos”, critica.

Para Lela, a última eleição presidencial é um exemplo a ser seguido no sentido de união de forças à esquerda. Na capital catarinense, Lula foi a escolha de 46,67% dos eleitores no 2º turno. “Demos um recado, mostramos que Florianópolis pode ser essa caixa de ressonância para os demais municípios”, diz o ex-vereador.

Lela avalia que a vitória de Lula em 2022 inaugura uma janela de oportunidade a ser agarrada pelo PT catarinense, que não possui candidatura própria à prefeitura de Florianópolis desde 2008. “A reconquista do estado democrático de direito é um momento importante para o País. Nas eleições municipais, não podemos deixar isso passar batido. Estamos dia após dia ganhando musculatura para ter candidato próprio”, diz Vanderlei.

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Uma frente ampla de oposição, no entanto, ainda depende de um acordo entre as partes. “Temos que olhar para o conjunto das conversas que estão sendo feitas nos bastidores”, afirma o ex-vereador.

Pedrão Silvestre (PP)

Pedrão Silvestre (PP), deputado estadual de Santa Catarina, tenta consolidar "terceira via" em Florianópolis. Foto: @pedraosilvestre.oficial via Instagram

Pedrão Silvestre, do Progressistas (PP), é um dos cotados para a disputa em Florianópolis, sobretudo pelo desempenho em campanhas anteriores. Em 2012 e em 2016, foi eleito vereador da capital; em 2020, concorrendo à prefeitura, terminou em 3º lugar. Na eleição de 2022, concorreu a uma cadeira na Alesc e terminou como suplente. No final de setembro, assumiu uma vaga temporária no parlamento estadual. A passagem será breve, pois Silvestre substitui Altair Silva (Progressistas), licenciado por 30 dias para acompanhar o nascimento da filha.

Ao Estadão, Pedrão garante que “se engana quem considera que a eleição está ganha”. A despeito do favoritismo de Topázio, “há espaço para terceira e até quarta via”, pondera o deputado.

Silvestre diz que deseja uma “cidade mais transparente e amiga do empreendedor”. Além disso, detalha que, se eleito, vai revisar o Plano Diretor do município e romper o contrato de esgoto com a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan).

Caso não consiga levar sua pré-campanha adiante no PP, Pedrão dá a entender que pode se candidatar por outra legenda. “O Progressistas tem um diretório municipal liderado pela ex-prefeita Ângela Amin, que além de experiente em política, também entende de partido. O que for decidido pelo diretório será o melhor para o partido, mas nem sempre o que é melhor para o partido é o melhor para a cidade. Em 2024, queremos fazer uma eleição à altura do que merece Florianópolis”, disse ao Estadão.

Dário Berger (PSB)

Dário Berger (PSB), ex-senador de Santa Catarina e cotado às disputas em Florianópolis e São José.  Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Dário Berger, ex-senador e ex-prefeito de São José e Florianópolis, é cotado para as eleições em ambas as cidades. Atualmente filiado ao PSB, legenda para a qual rumou de olho na eleição para governador em 2022, Berger teria de enfrentar a falta de tradição e respaldo político da sigla na capital catarinense. Ao Estadão, Berger afirmou que está “observando os cenários” em Florianópolis e não confirma, no momento, sua participação no pleito.

A especulação em torno de Berger vai de encontro ao que Daniel Pinheiro chama de “voltar à vitrine”. Para o professor, as eleições municipais de 2024 serão uma demonstração de força para legendas que, nos últimos anos, perderam espaços para nomes emergentes. “As forças tradicionais vão querer se organizar”, observa Pinheiro.

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Cotados a vice de Topázio

Ed Pereira, Secretário de Turismo, Cultura e Esporte de Florianópolis, é cotado para a indicação a vice-prefeito da chapa se o acordo entre Topázio e União Brasil for, de fato, consolidado para o pleito que vem.

Questionado sobre a forma com que agregaria valor à chapa do prefeito, Ed afirma que “circula muito bem no meio empresarial, que é o do Topázio”. Para o secretário, a aproximação de Topázio com o governador Jorginho Mello não exclui o União Brasil do acordo com a atual gestão, de forma que os dois conchavos, cada qual em seu âmbito de atuação, podem andar em conjunto.

“O projeto tem que ser a consolidação das reeleições do Jorginho e do Topázio, mas não necessariamente com o PL de vice do prefeito”, disse Pereira. “O PL pode ajudar nessa reeleição [do Topázio] reconhecendo que o meu nome está à disposição”, completou o secretário.

Ed Pereira subestima os rumores de que o PL possa fechar um acordo para indicar um vice-prefeito. “O Topázio deixa muito clara a vontade de ter o União Brasil próximo a ele, reconhecendo nossos esforços”, pondera.

Ouvidas pelo Estadão, fontes nos bastidores do União Brasil relataram que o nome de Ed Pereira ganhou força a partir da eleição para deputado federal em 2022, na qual ele foi o mais votado para o cargo na capital catarinense, com mais de 26 mil votos. Antes disso, havia sido eleito vereador em 2012, suplente da Câmara Municipal em 2016, vereador mais uma vez em 2020 e, em 2022, obteve a suplência para a Câmara dos Deputados. Entre 2013 e 2016, foi Secretário de Cultura, Esporte e Juventude de Florianópolis.

Ed Pereira (União), secretário de Turismo de Florianópolis e cotado a vice-prefeito na chapa de Topázio Neto (PSD) Foto: @edpereirajr via Instagram

Pelo lado do PL, se um acordo for firmado, Maryanne Mattos, ex-secretária de Segurança Pública e vereadora de Florianópolis pelo PL, é o nome mais ventilado para a chapa. Maryanne Mattos havia tentado a Câmara Municipal de Florianópolis em 2016, mas ficou com a suplência. Está, atualmente, como suplente da Alesc.

Se indicada como vice, Maryanne afirma que poderia agregar valor à chapa ao incorporar às políticas públicas sua bagagem no serviço público. De acordo com a vereadora, um acerto entre as siglas é possível. “Vejo que as gestões são parecidas”, afirma Maryanne sobre os estilos de governo de Jorginho e Topázio.

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Maryanne Mattos (PL), vereadora de Florianópolis. Foto: @mattosmaryanne via Facebook

No momento, entretanto, nada está certo entre os partidos e não se descarta nem mesmo que, a exemplo do PT, que quer aproveitar a janela com Lula para lançar Vanderlei Lela, o PL queira um candidato próprio para consolidar a plataforma de Jorginho Mello na capital. “São debates que ainda estão acontecendo. O governador ainda tem planejado as eleições para o próximo ano e não é descartado que o PL tenha uma candidatura. São possibilidades e estamos estudando as composições”, detalha a vereadora, acrescentando que os acordos só ficarão mais claros “no final deste ano e início do ano que vem”.

Lista com os principais cotados à prefeitura

  • Topázio Neto (PSD), prefeito de Florianópolis
  • Marquito (PSOL), deputado estadual de Santa Catarina
  • Vanderlei Lela (PT), ex-vereador de Florianópolis
  • Pedrão Silvestre (PP), deputado estadual de Santa Catarina
  • Dário Berger (PSB), ex-senador de Santa Catarina