O segundo turno da eleição presidencial evidenciou a existência de duas “bolhas”, dois grupos que não se tocam, que não conseguem se ouvir nem dialogar entre si. De um lado, eleitores e simpatizantes de Jair Bolsonaro (PSL); do outro, eleitores e simpatizantes de Fernando Haddad (PT). Fechados no conforto de suas redes sociais, em grupos de WhatsApp que só reverberam informações que confirmam suas próprias crenças ou entre amigos que pensam de forma parecida, eleitores de Bolsonaro e Haddad parecem falar sozinhos ou de frente para os próprios espelhos.
A reportagem do Estado se encontrou com um grupo de apoiadores de Bolsonaro que diz “não perder tempo com quem não quer conversar e é xiita”, segundo a gerente de RH Priscila Wilbert.
No encontro com eleitores de Haddad, um sentimento parecido: “Não consigo conversar ou ter relacionamento próximo com ‘bolsominions’, com quem fala que o Brasil vai virar uma Venezuela com o PT”, disse a publicitária Ana Carolina Macedo. Entre essas bolhas, existe ainda um terceiro grupo: pessoas que devem anular ou votar em branco. “Nenhum deles me representa. Em tempos de ódio o não posicionamento é se posicionar”, observou a executiva Diane da Costa.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.