A disputa pela Presidência da República será decidida em votação de segundo turno entre o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, e Fernando Haddad, do PT. Bolsonaro obteve 46,04 % dos votos válidos (49,2 milhões de votos), tendo saído vencedor em 16 Estados e no Distrito Federal. Haddad obteve 29,26% dos votos válidos (31,2 milhões votos) e seu desempenho no Nordeste impediu que a onda bolsonarista invadisse também a região, o que teria levado a uma definição da disputa já no primeiro turno.
No total, Bolsonaro ganhou na totalidade das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Sua votação foi acompanhada por um desempenho surpreendente de aliados e correligionários em eleições majoritárias estaduais. O candidato do PSL, que praticamente iniciou a campanha sem acordos partidários, conquistou na reta final do primeiro turno de bancadas de peso e deverá reunir condições de governabilidade caso venha a ser eleito.
Com 99,96% das urnas apuradas, Ciro Gomes (PDT) alcançou no terceiro lugar, com 12,47% dos votos válidos (13,3 milhões de votos). Geraldo Alckmin (PSDB) obteve 4,8% dos votos válidos, João Amoedo (Novo), 2,50%, Cabo Daciolo (Patriota), 1,6%, Henrique Meirelles (PMDB), 1,20%, Marina Silva (Rede), 1%, Alvaro Dias (Podemos), 0,80%, Guilherme Boulos (PSOL), 0,58%, Vera Lucia (PSTU), 0,05%, Eymael (DC), 0,04, e João Goulart Filho (PPL), 0,03%.
Candidato do PSL cresceu na reta final antes da votação
Bolsonaro saiu das urnas como o mais votado na eleição de depois de se firmar como principal candidato do antipetismo na campanha de 2018. Haddad, por sua vez, conquistou a segunda vaga graças à associação a seu partido e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Pela primeira vez desde 1994, o PSDB não é o principal adversário dos petistas em uma eleição presidencial. A polarização que marcou um quarto de século da política nacional deu lugar a outra, na qual Bolsonaro assume o protagonismo anteriormente ocupado pelos tucanos.
Uma segunda tendência histórica ainda mais antiga foi rompida com a ascensão de Bolsonaro: é a primeira vez desde a redemocratização que um defensor explícito do regime militar tem chances reais de ocupar o Palácio do Planalto.
Além de cortejar o eleitorado conservador com um discurso pró-religião, pró-armas e anti-PT, o candidato se mostrou atrativo para a massa do eleitorado que despreza a política tradicional e não se vê representada pelos grandes partidos.
Nas redes sociais, a quantidade de simpatizantes de Bolsonaro e o volume de engajamento compensaram de sobra a falta de acesso ao palanque eletrônico da televisão. No horário eleitoral gratuito, ele teve apenas 8 segundos em cada bloco de 12 minutos e 30 segundos. Praticamente sem estrutura partidária, o deputado e militar da reserva conseguiu incluir em sua coligação apenas o minúsculo PRTB.
Na terceira semana de campanha oficial, Bolsonaro ainda foi alvo de uma facada, ao participar de um evento de rua em Juiz de Fora (MG), no dia 6 de setembro. Passou por duas cirurgias e ficou 23 dias internado. Nesse meio tempo, teve de debelar crises provocadas por declarações de seu candidato a vice-presidente, General Mourão (PRTB), e por seu conselheiro econômico, Paulo Guedes.
O candidato foi também alvo da maior manifestação organizada por mulheres da história brasileira. Atos promovidos em torno do slogan “ele não” lotaram praças e avenidas das principais cidades do País no dia 29 de setembro. Enquanto isso tudo acontecia, Bolsonaro subia nas pesquisas – e ficava mais forte no segmento antipetista.
Com 49,2 milhões de votos, o representante do PSL teve desempenho melhor nas regiões onde, em eleições anteriores, o PT se saiu pior. Haddad, herdeiro político de Lula, venceu em redutos petistas – mas não em todos. </CW>No total, o candidato do PSL ficou à frente em 16 Estados e o petista, em nove. Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado na disputa, liderou a contagem de votos apenas no Ceará, Estado que governou de 1990 a 1994 e que ontem lhe deu mais de 40% dos votos.
Bolsonaro teve 46,08% dos votos válidos, seis pontos porcentuais a mais do que tinha na véspera da eleição, segundo a pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada na noite do sábado.
Ele cresceu na reta final da campanha, mas não o suficiente para alcançar maioria absoluta (50% mais um) e encerrar a disputa já no primeiro turno. Há um mês, Bolsonaro tinha a preferência de 41% dos antipetistas. Após a facada de que foi vítima em Juiz de Fora, no início de setembro, ele deu salto de 12 pontos porcentuais e chegou a 53%. De lá para cá, a curva de crescimento se manteve: 59%, 61%, 63% e, na véspera da eleição, 67%.
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